1.12.17

Cacos de Vidro

Te deixei sozinha por um minuto. Vou lá fora, eu disse. Você fica bem, né? Estava tudo bem, tudo bem. Daqui a pouco escuto a explosão. Os estilhaços de vidro foram arremessados ao meu redor, passaram de raspão, mas nenhum me acertou. Eu me protejo, me dizem, eu sempre sei me proteger. Entrei pro lado de dentro, as janelas altas estavam com o vidro quebrado, tudo estava no chão. Ninguém estava ferido.


Só você.


Um caco enorme se enfiou do lado esquerdo da cabeça e o sangue escorria da orelha até o ombro. E eu precisava te levar pro hospital e eu não sei dirigir e eu te deixei pra dentro pra te proteger e você foi atingida e quem dirige sempre é você é você é você e eu te devo tudo e não consigo te proteger. Não adianta nada eu ser assim tão forte se eu não consigo te proteger. Não consigo te levar pro hospital, não consigo te manter a salvo nem dos seus próprios estilhaços.

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