14.4.16

A ausência se tornou tão plena às quatro horas da manhã que era impossível ignorar. Às cinco, já sabíamos seu destino. Dor e sofrimento tomavam conta da casa. Menos de mim, é claro, incapaz de sentir qualquer coisa. Talvez nunca tenha sentido nada na vida. Talvez nunca sequer tenha amado. A empatia parou quando preferiu guardar o próprio dinheiro suado dos pais para comprar doces franceses e água engarrafada em vez de dá-los a mendigos visivelmente mortos de fome. Primeiro os mendigos, depois os artistas de rua, depois aqueles representantes irritantes da Unicef – você gosta de crianças? Detesto crianças. Evidentemente também detesto cachorros e gatos e cactos e qualquer ser vivo que requeira um mínimo de cuidado. Não sei o que é culpa. Sinto apenas a imensa paz e a gratidão sublime que se torna amor renovado pela chefe da matilha que cumpriu a trajédia, tornando o retorno a este lugar muito mais agradável.

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