26.12.10

natal.

passei o natal na casa dos meus pais. pai, mãe, irmão, irmã e eu. ah, claro, e todos os cachorros. sem familiar distante, sem árvore, sem presente. só nós, ceia, filme na tv aberta e tabuleiro de war. sem escândalo de família, reclamação de presente ruim, inveja de tio mais bem-sucedido, necessidade de conviver com outras pessoas que não gostamos ou de acordar cedo, de exibir a casa mais bonita ou a mesa mais farta e bem decorada.

só um fim de semana normal, com a louça refinada e peru em vez de frango.

foi o melhor natal desde 2000, na época que íamos todos os primos procurar o papai noel na casa da vovó.

1.12.10

Sobre Harry Potter.

Eu já falei sobre isso aqui. Acho que Harry Potter foi o livro mais importante da minha vida. Eu não tinha muitos amigos em nenhuma fase da escola, então era como se os personagens fossem meus amigos. Durante certo tempo da minha vida, eu podia relacionar tudo que acontecia comigo com episódios e passagens dos livros. Era fantasia de forma palpável. Passei anos esperando, inconscientemente, que uma coruja aparecesse com uma carta pra eu ir estudar em Hogwarts. Ficava ansiosa toda vez que via uma. Desisti aos 14 anos. Eu já estava velha demais. Para entrar na escola de bruxos, não para acreditar.

Acho que essas coisas são memórias de toda uma geração. Saber feitiços de cor, querer uma Firebolt de aniversário, comprar chapéus de bruxos em brechós. Quando eu soube que iam sair filmes, sabia que seria uma coisa ruim. Ia popularizar. (Eu sou indie desde criança.) Mas quis ver mesmo assim. Vi A Pedra Filosofal em DVD. Achei muito chato. Mas era Harry Potter. Assisti à Câmara Secreta três vezes no cinema, era legalzinho. Prisioneiro de Azkabam, não fossem todos os furos do roteiro, seria meu filme preferido, assim como tinha sido o livro. Cálice de Fogo já foi meio fraquinho. E eu realmente detestei A Ordem da Fênix. Eu não esperava mais nenhum dos filmes, sabia que destruiriam todos os outros, meus personagens queridos. Sabia que tirariam as melhores passagens dos próximos livros.

Eu não era muito fã dos filmes, eles todos eram mais ou menos. Bons pra ganhar dinheiro. Nenhum dos personagens (salvo Sirius Black, Bellatrix Lestrange, os gêmeos Wesley e, claro, Voldemort) convenciam muito. O único personagem dos três principais que mantinha o carisma dos livros era o Rony. Mesmo ele fazia caretas demais. E eu odiava o Daniel Radcliffe desde o primeiro filme. O que fizeram com meus personagens preferidos? O que fizeram com meus livros??

Há alguns meses atrás, sabendo que eu teria que ver todos os filmes eventualmente, aluguei o DVD do Enigma do Príncipe. E gostei. Foi um bom filme. Bem feito, até o Daniel Radcliffe estava atuando bem. E nem picotaram o livro! Fiquei mais otimista.

Mas eu nem sabia a data de estreia (pela primeira vez) do Relíquias da Morte. Fiquei surpresa (como a pressa de tudo nesse ano tem me surpreendido) que tinha entrado em cartaz agora em Novembro. Todos os outros, seguindo a tradição de blockbusters americanos, tinham saído em Junho. Ainda por cima, prometeram esse filme em 3D. Eu fiquei com medo. Relíquias da Morte é o melhor livro, meu preferido, com os melhores pedaços.

E, então, na data de estreia, vejo meu twitter inundado de pessoas dizendo o quanto gostaram do filme, que era lindo, que choraram quando o Dobby morreu, que a animação da história dos três irmãos era tão boa que nem parecia Harry Potter. Logo eu imaginei que fosse besteira de fãzinho que aceita qualquer coisa.

Mas não. Eu fui ver o filme ontem, numa sessão razoavelmente cheia para uma terça-feira à noite. Eu estava morrendo de enxaqueca e tinha acordado de mal-humor. Nunca nada me fez tão bem na vida. Eu só consigo pensar nele. Nem meus amontoados de trabalhos finais que parecem não estar andando conseguem me deixar menos feliz. Foi maravilhoso. Chorei o filme todo. É exatamente aquilo que eu esperava desde o primeiro filme, desde que anunciaram que fariam filmes de Harry Potter.

Os atores estão TODOS ótimos, os cenários são deslumbrantes, não cortaram nenhum pedacinho do livro. Todas as emoções estão lá. A desolação, o abandono, a falta de esperança do que fazer com Horcruxes que não sabemos onde estão nem como destruir. Beijos de verdade. É idiota, mas acho que isso mostra a mudança pelo qual os filmes passaram. Este está muito mais adulto, mais sóbrio. E, sim, a animação é a melhor parte do filme. De todos os filmes. É fantástico. Tão fluido...

Esse filme foi tão bom. Tão bom que nem lembra os outros. Nem de longe.