12.10.08

rubis are a girls best friend



Fomos comprar presente pra tia. Não era qualquer tia. Era a tia que praticamente nos criou, sempre dá presentes e nos leva pra passear em lugares legais. E dá abrigo sempre que fico em São Paulo. Então não dava pra ser qualquer coisa. Quisemos dar uma jóia. Um anel de pedra grande, que sabíamos que ela gostava.

Fomos no Iguatemi, que é chique e a gente não costuma freqüentar. O problema é que jóias geralmente não têm pedras, elas são todas de ouro/prata e brilhantinhos. Pelo menos os que valem a pena são (embora eu mesma prefira pedras). Tudo no shopping ou era caro demais ou tinha cara de barato. E, você sabem, o importante não é não ser barato, é não parecer barato - a velha lógica do capitalismo.

Então eu vi a H Stern e resolvemos entrar. Estávamos ambas de cabelo sujo, camiseta, jeans rasgado, blusa de frio de lãzinha e sem maquiagem. Eu estava de Allstar furado e minha irmã de chinelo. Era óbvio que éramos universitárias sem dinheiro algum. Apesar disso, a atendente nos tratou super bem.

Contamos nossa história. Dissemos que queríamos um anel de pedra vermelha. Tinha rubi. Ela nos mandou esperarmos sentadas enquanto ia procurar. Antes de entrarmos, eu dei uma olhada nos preços da vitrine. Um anel de brilahntes custava R$ 5.000 (CINCO MIL reais). Sentadas na mesinha enquanto a moça ia buscar, eu contei que só conseguiríamos comprar alguma coisa lá se vendêssemos nossa mãe. Ela disse pra eu ficar tranqüila, vermos o que a moça ia mostrar e depois dizer que íamos continuar procurando.

A lojista apeceu com três anéis de rubi maravilhosos. Grandes, vermelhos, perfeitos. A que mais gostamos tinha a pedra redondinha e era cheio de brilhantes no arco de ouro. Eu experimentei (meus dedos são mais grossos que os da minha irmã e minha tia tem dedos mais gordinhos que os meus, então eu era a cobaia) e me apaixonei. Minha mão ressecada e meus dedos sem esmalte, com as unhas de tamanhos diferentes e cutículas comidas ficaram lindos com aquele anel. Eu não queria tirar nunca mais. Olhei o preço. R$ 4.400. Voltei à realidade. Pedi pra vermos outros modelos, com pedras maiores e design mais simples. Minha irmã não resistiu e vestiu também.

A moça voltou com outros. O preço mais acessível era dois mil. Dissemos que íamos pensar porque estávamos dividindo o presente com a família. Ela dizia que dava pra fazer em dez vezes no cheque, que dividindo entre várias pessoas ficava um preço bom. Ela realmente queria vender. Ela realmente pensava que conseguiria vender pra duas universitárias sem dinheiro algum.

Saímos da loja com peso no coração. Olhamos outras lojas, mudamos de shopping. Nos convencemos de que aquele anel não combinava com minha tia. Voltamos à loja de jóias onde costumamos presentear outras tias, que vendia mais pedras, tinha mais a ver e tudo - absolutamente TUDO - é bonito. De vermelho eles só tinham rubi.

Traumatizadas, pedimos a pedra azul da vitrine. Era turquesa com rachadinhos cor de cobre. Levamos um anel e um par de brincos lindos perfeitos, a cara da tia. Além disso, o conjunto todo ficava mais em conta que uma parcela do outro anel. Dado o presente, no dia seguinte, ela adorou. Só não vestiu o anel na festa porque não combinava com a blusa e a pulseira também ganhada no dia.

Fiquei feliz com a compra. Mas aquele anel de rubi estará pra sempre no meu coração, como a peça mais cara que já vesti em toda a minha vida.

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