29.12.08

eu - que nunca gostei de praia, sol, axé, comida apimentada, havaiana ou bronzeado - vou passar uns 20 dias em salvador.

e vou fazer questão de não atualizar o blog enquanto eu estiver lá.


feliz 2009, gente! e que todos os seus desejos se realizem. que gay.

28.12.08

o bom de arrumar o quarto é que a gente acaba encontrando coisas esquecidas e muito úteis, como um bolo de CDs virgens, canetas e estojos inultizados e, principalmente, um mundo dos adesivos!!

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voltei de floripa um camarãozinho. não é possível! juro que passei um inútil protetor fator 25 e consegui me queimar em lugares estúpidos como o umbigo (COMO ASSIM?!) e atrás do joelho. e tá doendo horrores. use filtro solar. do maior fator possível.

23.12.08

eu vou viajar pra florianópolis hoje à noite. tenho família lá e pans. agora você dirá: "porque ela está falando isso?" e eu vos responderei: "para matá-los de inveja, ora!" e então vocês retrucarão que está chovendo e que, bom, praias piscinas e demais divertimentos do lado de fora me serão negados. e então eu direi: "ah, foda-se, eu nunca gostei de praia, mesmo..."


edit: estou em floripa agora e está o maior solzão.

21.12.08

um conto de natal.



24 de dezembro. a família toda estava reunida, com exceção da avó que havia falecido no ano anterior, na casa da tia mais velha. satisfeitos pela farta ceia de natal preparada em conjunto por todas as tias - mas que nunca substituiria a cozinha da avó -, os primos dormiam em colchonetes espalhados pela sala, entre a lareira - nunca utilizada, principalmente no natal brasileiro - e a árvore de natal.

a tia que alojava a família dormia satisfeita pelo sucesso do dia anterior, rezando para que tudo desse certo até o dia seguinte. vocês sabem, assumir uma tarefa tão complicada como realizar natais memoráveis depois da morte da matriarca da família é deveras exaustivo. mas, a ceia tendo dado certo, só faltava o amigo secreto no dia seguinte. e nada poderia dar errado com isso. todos os presentes estavam devidamente comportados debaixo da árvore.

ah, a árvore. o orgulho da tia. sempre a mais organizada das irmãs, a primogênita havia se esbaldado em decorações pela casa e, principalmente, na árvore de plástico - trazida anos antes, de quando morava no exterior. haviam tantas luzinhas e bolinhas e lacinhos e bonequinhos em madeira e neve falsa... a planta consistia num amontoado organizadíssimo de verde e vermelho e dourado. as luzinhas pisca-piscantes carregavam os galhos. era um expetáculo para os olhos. tão perfeito.

no meio da noite, no entanto, a prima menor, que tinha feito questão de dormir o mais perto da árvore possível - para poder abrir os seus presentes o mais rápido que conseguisse, assim que acordasse - acordou sentindo um cheiro estranho. era o mesmo cheiro que sentira na ocasião em que derreteu a cabeça e os cabelos da Barbie preferida enquanto usava a chapinha da mãe para alisar os cabelos platinados da boneca.

rolou no colchonete e, deitada de barriga para cima, viu a árvore de ponta cabeça. desvirou-se e olhou o objeto de frente. estava estranho. piscou uma vez. depois duas. estava laranja. estranho. antes era vermelho. vermelho e verde. não laranja.

acordou o primo preferido, um pouquinho mais velho, que dormia ao lado. ele gritou. alguns primos mais velhos acordaram com o grito, outros acordavam aos poucos com o calor.

a árvore inteira estava em chamas.

a árvore, os presentes embaixo dela, a cortina na parede mais próxima. tudo estava ardendo em fogo. ninguém acreditava em como não haviam percebido o estrago antes.

primos mais velhos corriam para a cozinha, para o banheiro, para a lavanderia trazendo água para tentar apagar o fogo. primos menores foram acordar os pais. a casa tinha se tornado um inferno. chamaram os bombeiros.

bombeiros muçulmanos, ateus e de outras religiões que não comemoram a data festiva vieram apagar o incêndio, enquanto toda a família, de pijama, esperava na calçada do outro lado da rua, assistindo ao fracasso do primeiro natal sem a avó.

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feliz natal, gente.

19.12.08

dos melhores diálogos dos últimos tempos.


um.
antonio ia pra bahia, mas teve seu vôo atrasado em função das chuvas em minas. ficou 13 horas no aeroporto de guarulhos esperando poder voltar pra casa. pra vencer o tédio, tocou violão até cansar, usou o notebook até a bateria acabar, conversou com companheiros tristes da mesma situação. além disso, sua boa namorada ficou ligando o dia todo pra poder distraí-lo um pouco. e, nessas:

antonio: comprei misto-quente.
deborah: foi caro? porque tudo em aeroporto é caro.
antonio: 20 reais.
deborah: MEU DEUS!
antonio: do bukowsky. o livro.

dois.
depois do teste de atores que tinha durado o dia todo, carlos e deborah discutiam os candidatos:

deborah: eu gostei dele. ele é inteligente e tal. entendeu o roteiro. acho que ele vai ser um bom ator quando ele crescer.
carlos: quando ele crescer?
deborah: por que? quantos anos ele tem?
carlos: 21.
deborah: 21?! não! ele tem 17!

16.12.08

hoje (16) é meu aniversário. faço 20 anos. estou me sentindo super velha. eu gostava de pertencer aos teens...


obs: se quiserem enviar cartinhas, presentes ou coisas bobas de computação gráfica, estou aceitando :]

12.12.08

na colina mais alta, isolada do resto do vilarejo, morava o poeta, distanciado e indiferente a todas as outras almas. sentava sozinho dentro do castelo construído por ele mesmo, pedra sobre pedra, colocadas em seus lugares com suas próprias mãos. as pedras pareciam ser grandes demais para serem garregadas pelo poeta - ele, tão miúdo e fraco -, mas era capaz de levantar até construções inteiras apenas para se isolar.

gostava de ficar sozinho. pessoas não o atraíam. era chatas e todas iguais. tudo fora do castelo era chato e monótono. sempre era tudo igual e sempre ruim. pensava ser auto-suficiente. gostava de ficar pensando, ter suas próprias idéias. funcionava. produzia muito. não somente poemas, mas realizava gravuras e pinturas. às vezes, até esculpia.

o problema do isolamento é que, àlguma hora, o lado de dentro se esvazia. como osmose que chegou ao fim do equilíbrio. simplesmente, não havia mais o que dizer.


torturado pela necessidade de produzir - o seu único meio de entrar em contato com o que o cercava - e pela agonia de não conseguir fazê-lo, deitou a cabeça sobre a escrivaninha com o intuito de pensar, apenas. a cabeça apoiava-se sobre um dos braços. o outro, esticado à sua frente, segurava uma pena entre os dedos finos e pálidos.

não havia saído do castelo em muito tempo. nunca mais sairia. nunca mais deixaria a posição do pensador - aquele que pensa e não chega a nada.

9.12.08

eu fico com nojo de toda essa falta de criatividade.




mas hoje já estou me sentindo melhor.

7.12.08

[REC] tem todos os elementos de um filme de zumbis clichê misturados com elementos de A Bruxa de Blair. Mas dá um medo...

3.12.08

quando eu tinha 15 anos eu tinha um humor mal-humorado e reclamava de tudo. de TUDO. hoje eu estou mal-humorada. este post cabe em 2004.

é que eu odeio a TAM. odeio, odeio, odeio, odeio. tentei fazer uma compra pela internet. os preços estavam ótimos, consegui datas boas, parcelei no cartão. quando fui passar a janela, pra ver se minha compra foi efetivada, apareceu a porra de uma janela dizendo pra eu escolher o país e a língua que eu queria que o site se apresentasse. arrumei as duas coisas. não foi pra frente. tentei voltar e tal e nada deu certo. liguei pro SAC. o número 0800 não estava funcionando. liguei pro número normal. me atenderam rápido. a moça disse que veria se a compra tinha sido feita, ligaria pro responsável por isso. esperei. fui comer alguma coisa. esperei. busquei a lixa de unha em outra sala. continuei epserando. peguei meu celular. 20 minutos tinham se passado. eu estava pagando a ligação. joguei um pouco de joguinho de celular. me cansei dele. lixei as unhas. continuei esperando. ouvi repetidamente as três propagandas gravadas, todas elas com sotaque "bonito" que puxa o R de uma maneira irritante enrolado no céu da boca e com os S´s sibilados demais. como S´s sibilados me irritam. como Rs enrolados no céu da boca estão começando a comer meu estômago. continuei esperando. no início da ligação, eu já estava irritada. há essa altura, eu estava enfurecida. comecei a pensar em como eu responderia pra atendente de voz irritante - e todas as atendentes de telemarketing têm voz irritante, deve ser uma lei - em como eu diria o quanto eu não tenho tempo para perder porque não sou uma atendente de telemarking e tenho, na verdade, outras coisas para fazer a não ser ouvir propagandas repetidas enquanto espero que verigiquem minha compra por telefone. estipulei um prazo. se passasse de meia hora eu desligaria. esperava ansiosa eu poder xingar a atendente. passou-se meia-hora. ninguém me atendeu. desliguei. voltei pro computador. tentei refazer a compra. porra, se não acharam até agora quer dizer que não existe. chequei meu e-mail antes, às vezes eles mandariam o extrato depois de feito. não recebi e-mail nenhum. realmente voltei ao site da TAM, já com medo. no segundo passo - escolher o vôo - apareceu a telinha da língua e do país. AHHHHHHH!!! e ainda me retornou pra página inicial do site. quero morrer. eu compraria em outra empresa se os preços da GOL não estivessem tão altas e as outras empresas não tivessem falido. que droga. vou lá no aeroporto comprar minha passagem. era assim que eles faziam antes de existir a internet?

droga. por isso não compro nada por internet. vou pra salvador de ônibus, mesmo. foda-se que demoram três dias de viagem! não quero mais dar meu dinheiro pra essa maldita empresa.


edit: liguei lá de novo. reclamei de tudo pra mulher. em 5 minutos ela respondeu que deu problema, mesmo. falei com meu pai, ele disse que podemos ir no aeroporto comprar a passagem. realmente é mais fácil.
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participem aí. eu tô. vou criar um tempo pra fazer um presentinho.

29.11.08

antes de inventarem a televisão, o que os doentes faziam?

26.11.08

layout novo. cansei daquele. essa é a nova versão paty-clean-tenho-dó-dos-meus-leitores-e-resolvi-aumentart-a-letra. tudo culpa da gabi. tenho inveja dos layouts dela há muito tempo e resolvi fazer um parecido. agradecimentos especiais pro leo que sempre me ajuda com os códigos. isso aí. chega de links por hoje.

18.11.08

comemorem comigo. depois de cinco meses eu finalmente terminei cem anos de solidão. não, o livro nem é tão grande, nem tão difícil, é uma delícia na verdade. genial. eu não sei pq não terminei antes. não tinha nada pra fazer o semestre todo, mesmo.

15.11.08

Gravando pianos e pedindo patrocínio em motéis



meu, se você quer histórias pra contar, arrume um projeto. de preferêcia um projeto difícil de ser realizado, com pessoas de outras áreas envolvidas e que envolvam tecnologias que vão se voltar contra você. hoje eu tenho duas histórias para contar. uma é triste e a outra é feliz. vou contar a ruim primeiro, pra deixar um ar leve depois que vocês acabarem de ler.


foi assim: combinamos de nos encontrar com alguns alunos da música para nos ajudarem a captar o piano que serviria de tema musical para nossa radionovela, às 2h da tarde. uma menina ia tocar e um cara ia gravar pra gente. ele trouxe todo o equipamento dele e tal. eu já tava me sentindo super inútil pq as aulas de áudio não serviram para nada, nem pra mim, nem pra ninguém. então eu estava lá pra segurar cabos e montar stand de microfone. nem isso.

conseguimos uma sala grande, com piano de armário e um som de ar condicionado MUITO alto. tudo estava funcionando perfeitamente, mas tinha o maldito ruído, do ar condicionado da sala de baixo que não podíamos desligar (a sala de baixo é o auditório do insitituto, onde a única coisa que funciona direito é o ar, o que o torna a sibéria). então resolvemos mudar de sala. tiramos um menino de uma sala menor, com "isolamente acústico" e um piano de calda. tudo perfeito, sem ruídos, um piano melhor. MAS o maldito equipamento não funcionava! o notebook não conversava com a mesa de som e, nos únicos santos mintuos em que isso aconteceu, o resto do equipamento não conversou com o microfone. foi um inferno. quando eu saí de lá, às 7h30 da noite, ainda não tínhamos gravado nada. recebi notícias de que só desistiram às 9h da noite. ou seja, SETE horas numa mini sala, calor, equipamento que não funcionava e muita, muita frustração.

só tenho uma explicação para tudo isso: HAL 900 realmente existe!


pra compensar, no dia seguinte fui ver locações para o filme em que estou trabalhando (quando o blog ficar mais pronto, eu ponho o link aqui pra vocês verem). precisaríamos ver parques, praças, ruas movimentadas, companhia de luz que sempre patrocina tudo e motéis. passamos em 4 motéis cujos donos ainda não estavam e, portanto, não poderíamos conversar direito, fomos em um parque municipal grandão, fomos na companhia de energia e depois pegamos a avenida saindo da cidade, onde tem 7 motéis de cada lado da estrada. passamos em uma, dono não tava. na seguint colada à primeira, havia outra, o desert inn.

a recepcionista disse que chamaria o dono e falou para esperarmos no estacionamento. logo apareceu um velho nogentíssimo: barrigudo de cerveja, camisa aberta mostrando os pêlos do peito, uma cor e uma cara de drogado. e falava muito e não nos deixava falar. explicamos que é um curta universitário com uma cena num motel, que queríamos patrocínio, que colocaríamos o nome da empresa nos créditos do filme, no folder e no blog do projeto. o cara veio dizendo que podíamos usar o melhor quarto do motel por 12 horas, que podíamos aproveitar que estávamos lá pra usar a piscina e que podíamos pedir qualquer coisa que precisássemos. além disso, ele fez uma piada racista sem nem nos conhecer (por sorte, éramos 3 brancos e uma coreana, segundo ele, japonesa). deixamos a carta de patrocínio com ele na saída. e, quando fomos apertar as mãos para nos despedir na sala dele (onde tinha uma garrafa de vodka em cima do armário), ele abraçou a pobre coreaninha e deu um beijo na testa dela. sim. é essa reação que você tem que ter.

enfim, fechamos o contrato, mas estamos achando - e até meu pai acha - que ele pensa que vamos filmar um filme pornô (pô, 12 horas num quarto fechado??), fazer uma suruba lá dentro e que vamos pagar pelo quarto. acho que vamos ter que explicar algumas coisas melhor pra ele... mas, enfim, arrumamos uma locação! uhul!

13.11.08

vi no blog da gabriela e resolvi roubar.


Are you currently in a serious relationship?
sim. é fantástico poder dizer isso e, melhor, poder dizer que sou estupidamente feliz assim.

What was your dream growing up?
eu já quis ser arquiteta e desenhista da disney, pintora, escitora, juiza... tudo. mas, no fundo, no fundo, eu nunca realmente quis trabalhar, só queria ser famosa, fazendo algo divertido. o que continua sendo meu desejo hoje, hehe

What talent do you wish you had?
hum... queria desenhar melhor. e cantar.

If I bought you a drink what would it be?
suco de côco com leite e açúcar. num copão grande.

Favorite vegetable?
brócoles! brócoles!

What was the last book you read?
estou no meio de cem anos de solidão. pretendo terminar ainda esse mês. já era tempo! estou brigando com ele desde julho...

What zodiac sign are you?
sagitário.

Any Tattoos and/or Piercings? Explain where.
Não. Eu queria um piercing no lábio, mas nem sei mais.

Worst Habit?
procrastinação.

If you saw me walking down the street would you offer me a ride?
provavelmente não. prefiro ficar sozinha a maior parte do tempo.

What is your favorite sport?
assistir a filmes.

Do you have a Pessimistic or Optimistic attitude?
depende. muito.

What would you do if you were stuck in an elevator with me?
esperaria a outra pessoa começar a falar.

Worst thing to ever happen to you?
deixar de falar com pessoas que poderiam ter se tornado mais especiais.

Tell me one weird fact about you.
eu tenho medo/fixação por bonecas.

Do you have any pets?
sim. três cachorros.

What if I showed up at your house unexpectedly?
ficaria meio nervosa. prefiro ficar sozinha.

Do you think clowns are cute or scary?
tenho medo. mas eu tenho fixação/fascínio pela maioria das coisas das quais sinto medo.

If you could change one thing about how you look, what would it be?
seria uns 10kg mais magra e teria a pele mil vezes melhor e um cabelo sempre bonito. ah, droga! era só uma!

Would you be my crime partner or my conscience?
consciência. anos e anos de prática.

What color eyes do you have?
castanho escuro. meu pai tem olhos azuis. eu sempre quis ter olhos azuis.

Ever been arrested?
não. e nem pretendo. sou mais esperta que a polícia.

Bottle or can soda?
garrafa. o vidro dá um gosto melhor, não sei por quê.

If you won $10,000 today, what would you do with it?
compraria uma bolsa e um coturno e gastaria o resto em curtas-metragens.

What's your favorite place to hang out at?
tristemente é a faculdade. ou casas de amigos.

Do you believe in ghosts?
depende do dia. geralmente não.

Favorite thing to do in your spare time?
ouvir música.

Do you swear a lot?
comecei a xingar na faculdade. mas não muito, só em frases de efeito. ou não.

Biggest pet peeve?
nunca tem o que eu tô com vontade de comer.

In one word, how would you describe yourself?
introvertida.

Favourite and least favourite food?
carne mal passada e... azeitonas. odeio azeitonas.

Do you believe in God?
sim.


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eu... estou muito antisocial hoje. deve ser TPM. mas, então. não é que eu não goste de pessoas. é só que a maioria delas me cansam e eu realmente não tenho saco de fazer sala.

9.11.08

Nightwish


08.11.08

Sai de casa, em Campinas, às 15h, com o meu allstar velho, meias confortáveis, calça jeans recém-costurada pela mãe, camisa do Nightwish preta desbotada, comprada no início de 2006, e uma simpática e brega pochete rosa minúscula - que carregava meus itens de sobrevivência: celular, dinheiro, documentos, óculos escuros e lixa de unha. Todas as minhas roupas eram velhas e confortáveis. Não levei MP3 ou câmera para o risco de ser assaltada. Esqueci da água e das balinhas. Seriam longas 3 horas e absolutamente nada para fazer.

Cheguei no Via Funchal às 17h. As portas abririam às 20h. Pedi para o meu paitorista me deixar na porta, que eu voltaria andando até o final da fila. Queria ver as pessoas estranhas, ver as roupas diferentes e tentar achar conhecidos. Vi um menino com quem nunca conversei que estudava na minha escola. Pensei em cumprimentar. Seria estranho. Desisti. Dei a volta na esquina. A fila estava menor do que eu imaginei que estaria. Na minha frente, um garoto que veio sozinho. Atrás de mim, uma garota sozinha, trazida pelos avós. Tentei puxar conversa. Nenhum dos dois falavam muito. As pessoas não paravam de chegar. A fila deve ter dado outra volta na esquina. Não me preocupei em olhar. Me distraí vendo o que os vendedores ambulantes vendiam: camisetas, bótons, fotos dos integrantes (e ex-integrantes) da banda impressos em papéis cintilantes, faixas, bandanas, munhequeiras, adesivos. Tudo do Nightwish. Algumas coisinhas de outras bandas. Tudo a um preço astronômico, menos as camisetas. Haviam vendedores de bebidas: água, refri, cerveja, vodka, cachaça e um vinho que eu jamais tocaria. Parecia suco de uva. Talvez fosse álcool com corante. Havia uma menina cantando pelo seu ingresso. Ela cantava e, se a gente gostasse, podia dar dinheiro. Ela cantava muito bem. Tinha um cover do Within Temptation. Eu dei os R$4,00 que eu tinha de trocado para ela. Acho que conseguiu entrar.

O legal de estar sozinha nesse tipo de lugar é poder colocar seus óculos escuros e obsrevar o que os outros estão fazendo. Algumas pessoas trouxeram baralho, comum e de uno. Muita gente ouvia músicas da banda no precário som do celular. Eu ouvi as conversas de todo mundo ao meu redor. Descobri números de shows anteriores e o que muita gente achava de muita coisa. Meninas com vestidos medievais entregavam flyers de milhares de baladas góticas em São Paulo. Acabei comprando uma camiseta. Consegui enrolá-la e colocá-la dentro da pochete. Eu deveria ganhar um prêmio por isso.

Mas a melhor parte é ver as roupas. Adoro shows de metal por isso. Em eventos sociais e, principalmente, musicais, algumas pessoas usam toda a sua criatividade para se vestir de modo que todo mundo perceba. Era tanta gente de preto, tanta menina com vestidos esvoaçantes, cheios de rendinhas e lacinhos, saias curtas demais, meia arrastão e bota/coturno de cano alto, homens de kilt e sobretudo, que quando aparecia alguém normal, vestido de azul claro e tênis, eu tinha certeza que não estava indo para o mesmo lugar que eu. Olhar roupas fez o tempo passar bem mais rápido. Numerar os mais "bem-vestidos" da noite me divertiu bastante também. (In)felizmente, não havia tantas gordonas sem noção de espartilho. Eu ainda lanço um curso ensinando mulheres com muito peito a usar os sutiãs corretos. Acho que ninguém nunca ouviu falar em bojo. Ou devem gastar todo o dinheiro em roupas góticas e não sobra nada para um bom sutiã. Eu cogitei ir com o meu vestido esvoaçante antes de sair de casa (sim, eu tenho um. usei só uma vez. foi num show de metal. estou procurando oportunidades para usá-lo de novo.), mas achei melhor não, eu acabaria me preocupando mais com o vestido do que com os músicos no palco. Apesar de tudo, algumas meninas estavam muito bonitas com suas roupas góticas. Alguns caras também.

Quando deu umas 20h, já estava escuro, as pessoas do fã-clube ao qual pertenço foram procurando outras pessoas do fã-clube. Reconheci depois que passaram e sai correndo atrás deles, perdi uns 20 metros de fila, mas fiz uma amiga. Uma gracinha, que tinha vindo no dia anterior e tava me contando da chuva, da pouca gente, de como tirou as fotos, de como a segurança não pegava as câmeras de ninguém.

A casa abriu, deixaram as meninas entrarem primeiro. Ganhei toda a fila que eu tinha acabado de perder. Me arrependi de ter comprado minha camiseta do lado de fora. Os produtos oficiais eram muito mais bonitos e estavam baratos. Quase comprei outra camiseta ou uma bandeira, mas me contive. Eu nunca tinha ido ao Via Funchal. Adorei a casa. Tudo é lindo. Tem uns lustres que parecem velas e tem degrauzinhos para pessoas baixinhas. Lá dentro encontrei um amigo meu que eu nem pensei que viria.

A banda de abertura era ruim. Não era muito ruim. Era só ruim. Ruim e deprimente, com letras do tipo “o amor é só uma história que eu conto pra você dormir”. A música também era barulhenta demais, não tinha muita coerência. E o vocalista tinha a voz do Felipe Dylon sem sotaque. As únicas coisas que se salvavam eram que todos os integrantes do Libra são bonitos – principalmente o vocalista – e se vestiam bem, nada exagerado.

Mas depois veio o Nightwish. E eu nem me importei mais com as cabeças na minha frente, com as pessoas na minha volta, com a banda anterior ruim ou com as três horas de espera. O som estava perfeito. Dava pra ouvir claramente a voz da Anette e do Marco por cima dos instrumentos (quando eu mesma não estava gritando) e, pasme!, dava para ouvir o baixo! Eu nem ouvia o baixo do Nightwish no som de casa quando eu apertava o botão de ouvir o baixo! Foi incrível, de verdade. As luzes estavam lindas e bem utilizadas. Tudo estava lindo. Eu vi o teclado do Tuomas com o Edward Mãos-de-Tesoura amarrado, vi a bateria com tudo duplo do Jukka, vi a guitarra roxa do Emppu, vi o Marco (ah, o Marco...) e a Anette de verdade! Com os meus próprios olhos! Apesar da multidão de cabeças e braços e máquinas fotográficas e celulares na minha frente. Todas as músicas ficam melhores ao vivo. Eu até gostei de Wishmaster na voz da Anette. E tocaram Dark Chest of Wonders (que eu só reconheci quando chegou no refrão, olha que tr00 que eu sou) e The Islander e Ever Dream! Foi mágico. Eu não acredito até agora.

Houve imprevistos é claro, como dois gordões sem camisa gritando furiosamente pela Tarja (ex-vocalista, deusa suprema com a melhor voz do mundo que todo mundo adora) e ofendendo a Anette gratuitamente. E eles estavam bem do meu lado! Eu saí de lá, é claro. Eu sabia que isso aconteceria, mas eu ainda fico furiosa ao saber que, dois anos depois da expulsão de um integrante, alguns fãs conseguem gastar 120 reais para xingar alguém! Sabendo que isso NÃO VAI mudar a atual configuração da banda. Que ódio!

Além disso, meu namorado me ligou no meio do show. Eu deixei ele ouvir a música/barulho por algum tempo e depois desliguei. Saindo, eu liguei pra ele e descobri que ele não tinha nada pra falar, só queria ouvir a música mesmo. Own. Vem comigo da próxima vez, oras.

Em geral, foi ótimo. Mas, não sei, acho que eu vejo vídeos no youtube demais e fiquei comparando com os shows na Europa, com foguinho e tal. Acabei criando expectativas demais e nada realmente me surpreendeu ou me causou calafrios. É uma droga conhecer demais a banda, tanto ao ponto de criticá-los.

Acabou bem mais cedo do que eu imaginava, era 23h40 quando eu liguei pedindo pro meu pai me buscar. E eu precisava desesperadamente de uma água. Nem fui ver a gift-shop direito. Provavelmente eu não compraria nada, mesmo. Na rua tinham carrinhos de cachorro quente e um monte de vendedores de água, refri e cerveja. O paraíso pra quem não comeu ou bebeu nada desde a hora do almoço. Ouvi mais comentários no trailer de cachorro-quente e um carinha passou distribuindo bótons da banda de abertura, que eles fizeram para divulgação. Apesar de serem bem ruins, o símbolo deles é bonito (uma cruz gótica branca num fundo preto), então eu peguei um pra mim e pros meus irmãos (porque eles pediram lembrancinhas). Meu pai chegou e me ligou junto com o cachorro-quente. Então eu fiz a pobre mulher segurar meu trocado por muito tempo enquanto eu, temporariamente mais surda que o normal, tentava me comunicar o papai.

Dormi durante toda a viagem de volta. Cheguei em casa destruída, suja, meu cabelo mega desgrenhado e minha maquiagem borrada. Nem tomei banho. Isso fica para os dias normais.

7.11.08

enquanto isso, no lustre do castelo da aula de teorias da imagem...

...meu professor estava nos contando de como largou a música para se tornar fotógrafo:

professor: "...fascinado pelas fotos de Cartier-bresson, eu vendi minha viola de dez cordas e comprei um ampliador."

lilian: "você tinha uma viola de dez cordas?"

eu: "e você VENDEU???"

31.10.08

A História de um Allstar

Eu não sou a pessoa mais consumista do mundo. Eu não costumo comprar uma bolsa se eu já tenho uma daquele mesmo tamanho que funciona bem. Eu geralmente me sinto sufocada com presentes e, sendo chatíssima com eles, normalmente fico triste pensando no espaço que a coisa que não vou usar iria ocupar. Não compro por impulso e me sinto culpada quando faço isso, com raríssimas exceções. Todas as minhas compras são premeditadas. Premeditadas quer dizer que eu penso na coisa durante muito tempo. Muito tempo mesmo. Um intervalo de 3 meses até uns cinco anos. Estou ensaiando comprar um coturno há uns 5 anos e, uma cinta-liga, desde criança.

Comprei meu Allstar aos 15 anos, depois de pensar muito. Todo mundo legal tinha um. Eu queria também, achava bonito e alguém só pode ser considerado uma pessoa depois de comprar um Allstar. Ganhei da tia. Fui com ela comprar. É preto, cano alto, com costuras vermelhas. Vinha com cadarço branco, comprei um vermelho pra ficar melhor. O cadarço vermelho era pequeno demais, mas servia. Está nele até hoje.

Antes dele eu só tive algus tênis legais. Quando eu era criança eu tive um de velcro da Jasmin, do Alladin. Durou pouco, até meu pé crescer e ele ficar apertado. Todos os meus tênis de criança sofriam desse mal. Eu nunca tive um tênis de luzinha. Sempre quis, mas não tive porque estava na moda na época que meu pai estava desempregado. Fora o tênis da Jasmin, meus tênis sempre foram brancos e sem graça. E sempre foram baratos. O Allstar foi meu primeiro tênis legal, com "personalidade".

Ele está durando uns bons quatro anos. O tecido do lado de dentro cedeu rápido, cerca de um ano depois, na época que eu ainda revesava com outros sapatos. No terceiro colegial, passei a usar só ele. Aí começou a detonar. Foram riscados enquanto eu esperava abrir a sala pra fazer vestibular ano passado. E, enfim, furou. Furaram os dois pés, no tornozelo, perto da sola. Deixa água entrar. Molha minhas meias. Um inferno. Eu culpava o tecido fino do tênis antes de perceber que realmente haviam buracos enormes neles.

De uns dois anos pra cá minha mãe tá falando pra eu comprar um tênis novo. Mas eu não quero. Eu gosto do meu Allstar preto, cano alto, com cadarços vermelhos pequenos demais. Gosto dos furos, dos (poucos) rabiscos. Gosto de quão sujo ele está. Da cor da terra da rua aqui de casa. Eu cuidei tão bem dele, nem parece que uso há quatro, cinco anos.

Mas, é, molha minhas meias. Comecei a olhar modelos novos. Quero um xadrês agora.

Mas é lógico que nunca abandonarei meu primeiro Allstar preto, cano alto, com cadarços vermelhos pequenos demais.
a pior coisa do mundo são, sem dúvida nenhuma, meias molhadas.

26.10.08

gostava de aplausos. era adorável enquanto conseguia os aplausos. quando os aplausos cessavam e viam a tona seus defeitos, as mãos eram afastadas. as mãos, os olhos, as bocas... as almas.

20.10.08

Estudar numa universidade pública tem mil e um problemas. Estudar num curso de arte tem mais problemas ainda. Estudar num curso de tecnologia e arte é o fim do mundo. Eu faço UNICAMP, que, como as pessoas deveriam saber, prioriza pesquisas científicas. Isso faz com que as faculdades de exatas, biológicas e a economia ganhem muito dinheiro em detrimento das áreas mais humanas e, principalmente, da arte. A pedagogia eu não sei. Mas pedagogia é um curso inútil. Eu gosto de professores, mas não de pedagogos. Principalmente pedagogos que nunca deram aulas.

Enfim, o meu departamento (multimeios) não tem recursos. Então alguns dos nossos professores são ruins (e não podemos contratar outros), nosso prédio é ruim (e a burocracia não deixa que construamos outro) e a infra-estrutura é péssima. E, lógico, não temos dinheiro pra comprar coisas novas nem pra concertar as que quebram, porque, vocês sabem, câmeras, fresnéis e coisas assim são muito caras. Ninguém mandou eu querer estudar de graça numa boa universidade de presígio.

Enfim, como nada funciona direito eu comecei a pensar em alternativas. Tenho várias.

1) Vou vender meu fígado e ir estudar na FAAP.
A FAAP é uma excelente faculdade, cheeeeia de câmeras e coisas novinhas pra gente usar e quebrar. Aposto que até grua (aquele motorzão que gira câmeras - coisa de róliúdi) tem. Enfim, depois de dividir o meu plano com mais pessoas, me disseram que eu vou precisar de uma plantação de fígados pra cobrir o preço até eu me formar, já que um fígado cobriria apenas duas singelas mensalidades. Quem se habilita a vender seu fígado pra formar uma cineasta?

2) Vou me tornar uma dançarina erótica e estudar nos EUA.
Essa eu roubei da novela América. Eu sou muito ruim, mano. Mas onde seria melhor do que no cerne da insútria cultural e cinematográfica? Passada a crise econômica mundial vigente, posso palnejar melhor minha viagem. E preciso aprender a dançar eroticamente. E perder uns 10 quilos.

3) Vou contrabandear havaianas e estudar em Sorbone.
O Godard estudou em Sorbone. Eu nunca vi um filme dele, mas as pessoas cults adoram ele. E a Europa é legal. Contrabandear havaianas deve ser um negócio bem lucrativo, cobriria as passagens, a estadia e a faculdade. Se não der pra estudar, eu posso virar contrabandista profissional. Afinal, ainda estarei na Europa.

4) Vou ficar famosa fazendo filmes em Cybershots.
Quem precisa de uma Panasonic quando se tem uma Sony Cybershot 7mp com zoom automático?

5) Vou comprar minha própria câmera e largar a faculdade.
Parar de gastar dinheiro em condução, almoços no bandejão e em milhares de xerox que eu nunca leio. Juntar essa grana e fazer algo útil com ela. Aposto que mais da metade dos cineastas por aí nunca estudaram cinema.

15.10.08

Cruz, Morte e Dor



Tinha medo da cruz. Ela o perseguia em todas as suas formas. Cruzes egípcias, católicas, celtas, de malta. Estavam em todos os lugares. Simplesmente apareciam. Não sabia o significado de muitas delas, mas davam a impressão de morte. Elas em geral remetiam a homens de braços abertos. Normalmente braços abertos são receptivos e calorosos. Mas as cruzes-homens-palito eram raquíticos e metiam medo. Ser abraçado por um esqueleto, afinal, não deve ser uma experiência das mais agradáveis.

Esqueletos eram gelados. Poderia pensar em milhões de características para esqueletos. Brancos, magros, calcários, básicos. Mas eram gelados. Principalmente gelados. O frio dava medo. Já havia se acostumado com frio e gosmento – como a lama, as algas, possivelmente o fogo era gosmento. Mas o frio duro era intrigante. Pedras, senão expostas ao sol, são frias e duras. E sem vida. O frio e duro remetia à falta de vida. E isso assustava. A falta de vida.

A morte era um conceito que o fascinava. Fazia listas e listas das maneiras mais fáceis, mais absurdas, mais indolores, mais glamourosas, mais ridículas, mais dolorosas de morrer. Chegou à conclusão de que queria morrer atingido por um machado na vértebra que o fazia morrer instantaneamente sem dor alguma – como faziam os judeus ortodoxos com suas vacas e cabras de abate. Morrer dormindo já ficou sem graça. Todo mundo quer morrer dormindo.

A morte em si não era um problema. Depois de morrer, tudo estaria acabado. Seria inútil pensar em tudo que poderia ter feito e vivido e realizado. Na pessoa que poderia ter sido.

Seu problema era a dor.

Nunca lidara bem com a dor. Nunca. Não gostava de formigas, abelhas ou vespas porque suas picadas doíam. Não gostava de se esforçar demais – correr demais, até mesmo escrever demais – porque doía. Gostava de pensar. Porque pensar não doía. Não sempre.

O problema da morte é que, quase certamente, a morte doeria. E não seria nem um pouco gratificante que a última coisa que se sentisse fosse algo tão desagradável quanto a dor. O próprio susto e o desespero de morrer já causavam dor. Mesmo que não fosse dor física.

Ele sabia que haviam pessoas que gostavam de sentir dor. Fazia-as sentirem-se vivas, sentirem que estavam sentindo alguma coisa. Mas não. A dor é essencialmente ruim. Incomoda. Não deixa trabalhar direito. Isso fazia com que pensasse que as pessoas que gostavam de sentir dor não eram muito ocupadas.

A dor remetia à morte. A morte remetia à cruz. Tinha medo da cruz, portanto, porque a dor não possui nenhum símbolo universal.

12.10.08

rubis are a girls best friend



Fomos comprar presente pra tia. Não era qualquer tia. Era a tia que praticamente nos criou, sempre dá presentes e nos leva pra passear em lugares legais. E dá abrigo sempre que fico em São Paulo. Então não dava pra ser qualquer coisa. Quisemos dar uma jóia. Um anel de pedra grande, que sabíamos que ela gostava.

Fomos no Iguatemi, que é chique e a gente não costuma freqüentar. O problema é que jóias geralmente não têm pedras, elas são todas de ouro/prata e brilhantinhos. Pelo menos os que valem a pena são (embora eu mesma prefira pedras). Tudo no shopping ou era caro demais ou tinha cara de barato. E, você sabem, o importante não é não ser barato, é não parecer barato - a velha lógica do capitalismo.

Então eu vi a H Stern e resolvemos entrar. Estávamos ambas de cabelo sujo, camiseta, jeans rasgado, blusa de frio de lãzinha e sem maquiagem. Eu estava de Allstar furado e minha irmã de chinelo. Era óbvio que éramos universitárias sem dinheiro algum. Apesar disso, a atendente nos tratou super bem.

Contamos nossa história. Dissemos que queríamos um anel de pedra vermelha. Tinha rubi. Ela nos mandou esperarmos sentadas enquanto ia procurar. Antes de entrarmos, eu dei uma olhada nos preços da vitrine. Um anel de brilahntes custava R$ 5.000 (CINCO MIL reais). Sentadas na mesinha enquanto a moça ia buscar, eu contei que só conseguiríamos comprar alguma coisa lá se vendêssemos nossa mãe. Ela disse pra eu ficar tranqüila, vermos o que a moça ia mostrar e depois dizer que íamos continuar procurando.

A lojista apeceu com três anéis de rubi maravilhosos. Grandes, vermelhos, perfeitos. A que mais gostamos tinha a pedra redondinha e era cheio de brilhantes no arco de ouro. Eu experimentei (meus dedos são mais grossos que os da minha irmã e minha tia tem dedos mais gordinhos que os meus, então eu era a cobaia) e me apaixonei. Minha mão ressecada e meus dedos sem esmalte, com as unhas de tamanhos diferentes e cutículas comidas ficaram lindos com aquele anel. Eu não queria tirar nunca mais. Olhei o preço. R$ 4.400. Voltei à realidade. Pedi pra vermos outros modelos, com pedras maiores e design mais simples. Minha irmã não resistiu e vestiu também.

A moça voltou com outros. O preço mais acessível era dois mil. Dissemos que íamos pensar porque estávamos dividindo o presente com a família. Ela dizia que dava pra fazer em dez vezes no cheque, que dividindo entre várias pessoas ficava um preço bom. Ela realmente queria vender. Ela realmente pensava que conseguiria vender pra duas universitárias sem dinheiro algum.

Saímos da loja com peso no coração. Olhamos outras lojas, mudamos de shopping. Nos convencemos de que aquele anel não combinava com minha tia. Voltamos à loja de jóias onde costumamos presentear outras tias, que vendia mais pedras, tinha mais a ver e tudo - absolutamente TUDO - é bonito. De vermelho eles só tinham rubi.

Traumatizadas, pedimos a pedra azul da vitrine. Era turquesa com rachadinhos cor de cobre. Levamos um anel e um par de brincos lindos perfeitos, a cara da tia. Além disso, o conjunto todo ficava mais em conta que uma parcela do outro anel. Dado o presente, no dia seguinte, ela adorou. Só não vestiu o anel na festa porque não combinava com a blusa e a pulseira também ganhada no dia.

Fiquei feliz com a compra. Mas aquele anel de rubi estará pra sempre no meu coração, como a peça mais cara que já vesti em toda a minha vida.

9.10.08

então a festa foi cancelada por alvará da justiça. tadinhos dos organizadores. eles realmente precisavam do dinheiro. e tínhamos divulgado tanto...

já que já tínhamos saído de casa, resolvemos ir pro bar. era meia-noite, de quarta-feira. bar lotado (as outras pessoas que saíram da festa devem ter ido pra lá também). pedimos uma cerveja e três copos, enquanto esperávamos o outro menino que se uniria a nós em breve. brindamos ao motivo da festa cancelada. quando pedimos a segunda cerveja - agora éramos quatro -, veio-nos a notícia ruim: acabou a bebida. e ainda era meia-noite.

resolvemos ir pro outro bar, atravessando a rua. encontrei uns amigos que iam na república onde sempre tem festa. pensei em ir. meus companheiros não quiseram ir, então desisti da idéia. encontramos outra menina no outro lado da rua. ela disse que tinha um bar onde a cerveja era mais barata que o lugar onde nós íamos, que ainda estava aberto. resolvemos ir pra lá.

o lugar era longe, o caminho cheio de subidas, a rua cheia de carros de playboyzinhos que gostam de xingar pedestres. nós éramos pedestres. perdi todo o meu fôlego subindo a avenida, quando finalmente chegamos ao barzinho, ele já estava fechado. era uma da manhã de uma quarta-feira. os meninos perguntaram se eu não queria ir na rep das festas com meus outros amigos. eu disse que não, não sabia onde era. voltamos pra casa, derrotados, nesta cidade onde nada funciona além da uma hora da manhã¹.

ninguém estava realmente a fim de festa. em geral só queríamos contribuir para a causa da minha amiga.

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¹argumentará você, com razão, que era uma quarta-feira. então eu lhe responderei - não com ar de quem sofre com isso, mas como alguém que ouve as histórias e reclamações dos outros - que isso se repete em todos os dias da semana, incluindo quinta, sexta e sábado.

4.10.08

é uma euforia misturada com uma ansiedade por fazer as coisas que eu sempre deixo só na minha cabeça.

27.9.08

eram telefones velhos, celulares, baterias, máquinas fotográficas, filmadoras, torradeiras, microondas, impressoras, geladeiras e pedaços de computadores que formavam os escombros. o tom variava de verde-musgo a preto acinzentado. o tipo de cor que não se fixa, que não pode ser propriamente nominado. as formas eram quebradas. não havia nada seco, nem completamente molhado. tudo estava úmido. o ar, o metal que cobria o chão, os canos que traziam a água. não havia musgo. não havia ratos. não havia baratas. não havia nada.

as televisões, ora sobre os montes de lixo de gerações inteiras, ora em meio aos escombros, empilhados e encaixados desordenadamente, soltavam luzes vermelhas, azuis, que piscavam repetidamente, falhando sempre, mas perseverando sempre. era a única fonte de luz, que mudava a cor do entulho, enquanto se alterava. cores frias, mesmo quando era vermelho, refletia a mensagem fria do homem que ainda mandava na (des)terra. era uma gravação. nem o homem existia mais. estava morto. todos estavam mortos.

entre tudo aquilo, um ser distante. disforme, muito pálido, braços e pescoço magros em demasia, corcunda. sem olhos. não precisava deles naquele mundo sem luz. a boca era um rasgo no meio da face sem menor expressão, lisa. se achava no meio da celeuma tateando, sentindo o que já sabia. explorava na escuridão de sua (in)existência.

sabia que havia algo mais. sabia que deveria haver. não encontrava. não ouvia os ruídos dos milhares de televisores. não via as cores que elas proporciavam. não sabia o que eram cores. construia noções vagas do que seriam os escombros táteis em sua mente sem muita imaginação. comia arame, aço, a não-vida.

rodou todo o mundo buscando algo. qualquer coisa.

23.9.08

Sempre que eu vejo os professores fazendo o maior auê por causa desse quadro, traçando altas teorias de significados profundos sobre representação dos fatos, eu fico pensando que o Magritte fez isso só porque ele achou engraçado.

15.9.08

O clube dos solitários

O Clube dos Solitários era, antes de mais nada, um lugar triste. O nome fora inspirado num álbum dos Beatles. Infelizmente, a idealizadora esqueceu-se de copiar do álbum as cores brilhantes ou a psicodelia. Isso se valia pelo fato de o nome ter vindo depois da criação do clube. as reuniões occoriam sempre, na mesma hora e na mesma casa desde a fundação da cidade. Era uma espécie de AA, mas cuidava de assuntos muito mais sérios, que existiam desde que as pessoas começaram a notar-se umas às outras: os amores não-correspondidos.

Os tipos que freqüentavam o clube eram vários: senhoras que ficaram para titia, mulheres que compartilhavam seus maridos, alguns homens, adolescentes - daqueles que iam e vinham numa freqüência de dois ou três meses e daqueles que ficavam durantes toda a duração do ensino médio - e havia eu.

Antigamente, era só uma casa onde mulheres se reuniam para discutir seus corações calejados, sem muitas pretenções. Hoje, no entanto, o clube funcionava como qualquer grupo de auto-ajuda: falava quem queria - seguido dos aplausos claustrofóbicos de sempre.

Os relatos contados eram sempre tristes e desesperançosos, como se o corações de cada um ali estivesse fechado numa caixa de vidro em que uma única pessoa possuísse a chave e esta pessoa havia morrido, antes tendo engolido a chave, há milhares de anos, então seria impossível recuperá-la do meio da carcassa podre.

Eu nunca falava. Meu objetivo nesse lugar era um pouco mais sádico: eu gostava de ouvir, saber que havia histórias piores que a minha. E havia. Sempre havia. Mas quando eu ficava sozinha à noite, apenas com a televisão como companhia, o meu caso parecia o mais desolado e sem solução.

O fato era que, embora eu me sentisse sozinha à noite, nos outros momentos do dia eu ficava perfeitamente feliz, independente. Eu não sentia a falta de alguém especial porque essa pessoa nunca havia existia. Eu nunca havia tido um cado de amor por mais de uma semana e, por isso, eu precisava tanto do clube.

Eu era, na realidade, viciada em amores não correspondidos.


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este era o argumento para um curta que eu estava escrevendo. entre outras coisas, ele mostraria como as pessoas são filhos da puta. o problema é que eu descobri que algumas pessoas são filhos da puta demais para merecerem um filme tão bonito.
de repente tudo faz sentindo. de um jeito mórbido, mas faz.

13.9.08

então esse fim de semana minha universidade linda foi estuprada por milhões de criancinhas desesperadas e excursões de colégio. tinha mais gente de cabelo colorido que evento de animê, galera entrando no estúdio sem camisa, ocupando os gramados, pendurados de qualquer canto das cantinas e falando muita merda. entre os clássicos "midialogia é jornalismo? tem a ver?", "onde é a parte de artes cênicas/dança?" (e dava um dó de mandar o cara andar até o barracão da cênicas do outro lado do campus naquele calor infernal), ainda tive o prazer de participar deste diálogo:

- moça, onde é o departamento de direito?
- não tem direito na unicamp.
- NÃO?!?

essas pessoas que nem sequer procuram saber antes de vir, viu...
pelo menos ninguém me perguntou se midialogia tinha a ver com cirurgia estética. sim, perguntaram isso pra um colega meu.

pra você que está se perguntando que porra é midialogia, eu simplesmente vou responder a vocês que é o curso que eu faço. pra maiores informações entre aqui, você também!

11.9.08

dirigir atores é uma prática quase sádica.

7.9.08

normalmente é preciso um esforço descomunal para fazer eu sair da cama e fazer alguma coisa. hoje foi um daqueles dias em que não houve nenhum estímulo.


e eu tenho tanta coisa pra fazer...

4.9.08

hoje eu perdi um filme maravilhoso, deixei um livro bacana no comecinho, deixei de ler outro excelente, não terminei meu seminário, não corri atrás dos sons pra minha rádionovela, deixei meu namorado estudando sozinho, peguei um ônibus e andei mais um pouquinho no sol das duas horas da tarde e morri de calor pra conseguir chegar na auto-escola em tempo. cheguei lá com 10 minutos de antecedência, consegui recuperar o fôlego e fiquei esperando meu instrutor chegar. esperei 20 minutos. eis que uma das funcionárias do lugar me chama:

- então, sua aula não é hoje. foi marcada pra ontem. eu só percebi agora.

na minha agenda a aula tá marcada pra hoje. eu nunca marcaria uma aula na quarta-feira porque tenho aula na faculdade o dia inteiro. tenho certeza absoluta de que marquei pra quinta. quando eu agendei as aulas há dois meses atrás, eu disse que poderia fazer aula só nesses horários. não, a folhinha oficial mostra que eu marquei na quarta. todas as folhas oficiais mostram que eu marquei na quarta.

perdi minha tarde mais setenta reais. puta que pariu, viu.

31.8.08


Adoro tirar foto de gente fumando. Sim, fui eu que tirei e, incrivelmente, essa foto é completamente espontânea.

21.8.08

Ouvi uma história maravilhosa hoje.

Tem uma amiga minha que largou o curso de medicina no 3º ano pra fazer midialogia (que é o que eu faço. é comunicação.). Então ela voltou pro prédio da med (que fica lá longe de tudo) pra colar cartazes sobre os livros de medicina que ela tá vendendo. Nisso, ela encontrou os antigos colegas. Todos eles estavam mega gordos, porque não têm tempo de comer direito, então comem qualquer porcaria. E, se não podem comer, imagine fazer exercício. Desse jeito, minha amiga ficou sendo a magra.

Nesse ritmo, ela tava conversando com uma amiga dela, que dizia que ia logo começar a trabalhar e ganhar um salário inicial de R$8.000,00 (oito mil reais - salário que eu vou conseguir depois de 20 anos de trabalho, me vendendo para as produtoras hollywoodianas). De queixo caído e meio sem graça, arrependida por tudo no mundo por ter largado o curso, ela pensou:

"Pelo menos eu tô magra!"


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obs: minha mãe médica disse que nenhum médico sem residência ganha um salário desses. aliás, que nenhum médico recém-formado ganha um salário desses. além de gorda, ela é mentirosa.

19.8.08

quando os donos do mundo criaram a cultura de massa, eles sabiam que algumas pessoas ficariam insatisfeitas.

- então venderemos a rebeldia - concluiu o maior dos magnatas - e, junto com ela, virá a ilusão de liberdade e, principalmente, de originalidade.



ninguém é totalmente original. e toda cultura serve àlguma massa, por mais underground que seja.

16.8.08

se as pessoas se gostam, porque elas se machucam tanto?

13.8.08

é ficando puta com algumas pessoas que você aprecia ainda mais as outras.

12.8.08

Minha irmã chegou de Israel hoje cedo com uma mala extraviada e outras quatro cheias de lembrancinhas e histórias pra contar. Por enquanto, ganhei um camelo de pelúcia, uma saia maravilhosa, um colar de anhk lindo, um marca página de papiro do Egito e um perfume. Ainda tem mais coisa na mala que vai chegar. Enfim, como as histórias são infinitamente mais interessantes que os presentes, fiquei o dia todo ouvindo relatos do comportamente israelita. O legal de tudo isso foi constatar que nenhum outro lugar do mundo inteiro deve ser tão fascinante quanto Israel.

7.8.08

a melhor sensação do mundo é ver outros casaizinhos e não sentir raiva deles.

3.8.08

é impressionante. só de pensar em voltar pra faculdade, todas as idéias somem da minha cabeça.


bom, pode ser o horário também.

31.7.08

Eu fui ao shopping ver Batman com meu namorado (!!) e uns amigos meus do curso dele. Eles estudam matemática e/ou física. Eu faço comunicação social. Então eu tive que ouvir piadas de físico/matemático o dia inteiro.

Eis que entramos na sala de cinema, o filme começou com um efeito de fumaça e eu disse: "nossa, eu vi um software que faz isso!" E não é que todo mundo achou ruim? Vou te contar, viu...

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Sim, o filme é demais. Admito que me perdia nas cenas de ação, mas eu sou assim. E foi legal ver coisas explodindo. E, sim, Heath Ledger deixou o Jack Nicholson no chinelo.

29.7.08

o bom de ter vivido um milhão de amores não correspondidos e ter concretizado um número ínfimo deles é poder olhar pra trás e ver que só os melhores foram efetivamente realizados.

27.7.08

layout novo. versão tim burton :]

24.7.08

Eu tenho medo de algumas coisas. Tem os básicos, como insetos feiosos, cair no escuro, estragar o cabelo ao pintá-lo por conta própria e morrer. Tem os bizarros, como palhaços com cara de mau, cenas de banheiro em filmes, pessoas vestidas de animais, mariposas e bichos de pelúcia com narizes pontudos. Estranho mesmo é que, embora eu sinta medo dessas coisas, eu gosto de tê-los ao redor (menos pessoas vestidas de animais, já que isso me tira do sério. mesmo.), talvez para que eu supere esses medos.

Mas aí tem os medos um pouco mais surreais. Eu tenho medo de me descascar até chegar à carne. A sensação é pior no verão, com praia e piscina e futuro câncer de pele. Mas o ano inteiro eu me policio para não roer as cutículas das unhas das mãos e acabar descobrindo a cor real das artérias.

Perder-me também é uma das minhas maiores aflições. Isso se torna ainda pior levando-se em consideração o meu péssimo - quase inexistente - senso de direção. Eu sempre me preocupo em acabar sozinha em algum lugar desconhecido sem dinheiro e sem créditos no celular. E, por isso, nunca mais poder voltar para casa. Se bem que, depois de muito tempo no lugar estranho eu teria duas opções: 1) morrer ou 2) me adaptar. Acho que prefiro a segunda opção (a menos que eu tenha me perdido na Argentina). Desta forma, eu acabaria me achando. É meio complicado essa história de se achar ao se perder. Jogo de contradições interessante.

E, até mês passado, eu tinha medo de ficar sozinha pra sempre. Eu estava me acostumando à idéia, já, mas, quando a gente se conforma é quando o perigo realmente se torna real.

23.7.08

Ela olhou para o toco final da vela. Há algumas horas ela tinha brilhado tão forte que iluminava o quarto inteiro e qualquer outra fonte de luz parecia simplesmente refletir sua grandeza e beleza, tornando-a muito mais forte do que realmente era. Estava no finzinho, no entanto, e já não brilhava tanto. A luminosidade enfraquecia aos poucos, como se pedisse para sobreviver e soubesse que não era possível.

Então ela foi na dispensa, iluminando-se com a vela antiga ainda, e escolheu, dentre todas as outras velas da caixa, uma nova. Acendou esta com aquela, pingou algumas gotas de cera no castiçal, fixou a vela - alta, branca e muito mais luminosa - em seu lugar.

Observou as chamas das duas por um momento rápido. Então, abaixou os lábios na altura da chama da vela enfraquecida e assobrou.

A fumaça fez rodeios bonitos pelo quarto à luz da vela nova. A luz de outrora permanecia apenas como uma lembrança.

18.7.08

Lilian boop oop a doop girl diz:
o que deborah significa?

*Debby* - דבורה diz:
deborah é abelha em hebraico

Lilian boop oop a doop girl diz:
ai, não odeio abelhas... eu fumo nelas pra elas irem embora... bom, eu fumo um pouco em vc, então tem a ver... hehehehehe

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Essa foi, de longe, a melhor analogia que já fizeram com o meu nome.

15.7.08



4 anos. 4 anos é o tempo suficiente pra trocar de dentes, zoar o próprio cabelo grudando chiclete nele, mudar o regime várias vezes, aprender a andar, a falar e até ler um pouquinho. eu já desenhava aos 4 anos. já contava minha primeiras histórias de sereias que sofriam lavagem cerebral e depois veio o grupo de super-heróis encabeçados pelo incrível menino-sapo. ele tinha as mãos grudadas nos calcanharem e pulava por aí. foi num dia ensolarado e quente na casa onde eu moro atualmente, antes mesmo dele ter virado casa de final de semana.

outros personagens vieram. gradativamente mais complexos. cada um com seus nomes, histórias de vida, amigos próprios, aparência, gostos... esses nunca ganharam histórias escritas, mas viviam comigo. eram meus amigos quando eu não os tinha e quando achava os meus um pouco sem graça. eles sempre foram perfeitos e muito emocionantes, do jeito que eu queria ser e nunca consegui.

do mesmo jeito que os personagens mudavam de tempos em tempos (não só personalidades, mas alguns novos personagens eram criados e outros, esquecidos), eu também mudei muito. o blog me acompanhou nessa transição, inclusive. é vergonhoso ler os primeiros posts daqui, de quando eu tinha uns 14/15 anos, gostava de ir em domingueiras, curtia dançar axé e ouvia avril lavigne. é, não tenho nem um pouco de saudade daquela época.

é engraçado olhar pra trás e nem se reconhecer. olhar os amigos de algum tempo atrás e perceber que eles não tem - nem nunca tiveram - nada em comum comigo. é trsite deixar as pessoas pra trás dessa forma. mas, não sei, no fundo, acho necessário. nunca me apeguei muito às pessoas, mesmo. bom, talvez eles não fosse bons o suficiente para que eu me apegasse.

aos sobreviventes (vocês sabem quem são), obrigada por terem me acompanhado até aqui. aos novo, espero que eu não me canse de vocês (e vocês, de mim) com tanta facilidade.
bom, gente. eu ia fazer uma mega comemoração de 4 anos do blog. mas eu fui ver nos arquivos e descobri que o blog fez 4 anos mês passado. então, apresento-lhes com a comemoração de

4 ANOS E 1 MÊS DO FELIMPROPANO!!!



e, é, as festividades acabam por aqui. daqui a algumas horas talvez eu volte com um gifzinho de balõezinhos ou essas coisas, mas por enquanto eu tô com uma preguiça fora do sério.

10.7.08

ahhh, vocês pensaram que era uma história escrita? ah, isso foi só um eufemismo. de qualquer jeito, estou pensando num roteiro (e quando ele estiver pronto, ele não será postado aqui), então, quem tiver histórias de amores não-correspondidos, pode me contar que posso tentar aproveitar sua história.

ah, sim, aquela história foi mais ou menos resolvida.


(desculpem-me o post diarinho. logo mais eu volto com algo de útil.)

5.7.08

Preciso voltar a escrever. Mas antes, eu preciso terminar uma história que está me tomando a maior parte da minha imaginação há dois anos.

4.7.08

Assistindo Juno e uns curtas de veteranos e de colegas e de pessoas de outras faculdades e vendo outros filmes nacionais, eu percebi que eu realmente vou ter que revolucionar financeiramente se eu quero ser o Tim Burton brasileiro. Ou isso ou eu me conformo em fazer filmes mais filmáveis.

Acho que vou viver de desenhos animados.

29.6.08

Wall-E é uma linda história de amor.


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opções eu tenho. o problema é que eu sempre quero justamente o que eu não posso ter.

23.6.08

O amor é ficção científica.

18.6.08

Continuando na vibe do post anterior, hoje eu vi uma pornografia bem artística.

Quem apresentou - e possivelmente quem assitiu ao espetáculo junto comigo - não há de concordar comigo e provavelmente se idignará de eu tê-lo chamado de pornografia. De fato não era. A expressão era meramente ilustrativa. Tratava-se de dois dançarinos interpretando uma dança moderna. Chamava-se "Roma". Iniciava-se com uma encenação de uma lua de mel ao som da Marcha Nupcial. Ela estava vestida com um lençol branco, com um pano tapando os olhos. Ele estava completamente nu. Ao longo do espetáculo, ela se despiu, insinuou uma masturbação e representou uma árvore seca enquanto estava nua. Ela era excelente, o parceiro dela, nem tanto. Foi bonito e artístico.

Mas foi bizarro.

16.6.08

"A pornografia que temos hoje parece não ter nenhum valor artístico, parece criada para estimular as pessoas a qualquer outra coisa que não sexo. Uma das melhores coisas da arte, da arte genuína, é que quando vemos uma imagem ou descrição de algo que se relacione com um sentimento que temos e não conseguimos expressar, ela nos faz sentir menos sozinhos. E o que a pornografia de hoje faz é o exato oposto. Faz com que você se sinta envergonhado, mais sozinho do que nunca. Vemos ou lemos pornografia sozinhos, como se o nosso prazer fosse algo para se envergonhar, algo deplorável. E isso é uma tremenda pena se pensarmos que se trata de uma atividade humana tão prazerosa. Praticamente todos os diferentes gêneros de ficção que temos hoje são baseados nessas áreas improváveis da atividade humana, como caubóis, detetives e monstros. Enquanto aquilo que mais temos em comum, que é algum tipo de prazer sexual, só pode ser abordado nesse gênero grosseiro, tolo e por baixo do pano pelo qual todos se sentem culpados e envergonhados."

-Alan Moore, retirada dessa entrevista maravilhosa.



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Toda vez que eu penso em alguma coisa, vem um escritor bem melhor que eu e diz essas exatas mesmas coisas de maneiras como eu nunca conseguiria. Dá até medo.

11.6.08

- Essa foto é muito silenciosa. É quase triste.

"É só uma torneira."



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Post nº 400. Quanta bobagem já foi escrita aqui...

9.6.08

Viciada em amores não correspondidos, desespera-se pensando em algo que possa ser realizado.

7.6.08

Me conte alguma coisa.

Contar o quê? Os filmes que vi pela metade por ter dormido no meio? Os livros que li incompletamente por ter cansado das narrativas? As vistas que vi e que me enjoaram? As músicas que não quis ouvir por falta de vontade? As fotos que não tirei por achar que não valessem a pena? As comidas que comi sem sentir-lhes o gosto? As sensações de que não senti no vento da cidade? As festas que perdi por não querer sociabilizar? Os trabalhos que não fiz por preguiça? As roupas novas que não comprei por achar todas feias? Os sonhos que poderia ter tido e não tive por falta de motivação? Os amores que não realizei por achar todos imperfeitos demais?

Contar-lhe-ei, algo, então.
Esta cidade me deixa por demais blasé.

6.6.08

Deborah Happ em

A Saga da Máquina Digital


Minha máquina antiga é uma bosta. Era. Porque minha irmã o levou para Israel e - heh - o perdeu. O que não tem o menor problema, porque ele era muito ruim, mesmo. Então, quando meu avô foi visitá-la, pedi pra que ele trouxesse uma máquina nova pra mim. Então ele trouxe uma Canon muito legal. As isntruções do manual estavam em hebraico, igual o arquivo inútil que veio no pen-drive (pelas figuras, deu pra ver que estava contando a história da Canon e coisas assim). Pelo menos eu tenho um pen-drive agora. Infelizmente, ele veio sem o CD de instalação.

Como todo mundo que tem uma Canon sabe (eu não sabia), ele PRECISA do CD de instalação. Droga. E não dava pra simplesmente trocar, já que não dá pra ir e voltar de Israel todo dia. Meu jatinho tá sem combustível. Então eu pensei em fazer uma viagem de 2 horinhas pra São Paulo e ir na autorizada da Canon pra arrumar isso. Mas como São Paulo também é longe - e eu, enrolada - acabei não indo. Um amigo meu me emprestou o CD que veio com a câmera dele. Não funcionou. Procurei o arquivo na internet. Não achei. Peguei uma vez no emule, deu errado. Procurei de novo e baixou por uma semana (200Mb). Finalmente funcionou. Mais ou menos.

Abriram todos os arquivos, menos aquele que estabelece a conexão efetiva entre câmera-PC. Uma droga. Quis morrer. Tentei de tudo e pensei que meu esforço tinha sido perdido. De novo.

E então, eu abri o "meu computador" toda triste, pensando que o mundo estava perdido, quando me deparo com um ícone de uma máquina fotográfica e, clicando nela, todas as minhas fotos!!

Mundo louco, viu...
É engraçado que quando eu sento pra fazer as coisas, parece que, de repente, tem bem menos coisas pra fazer do que eu pensava. Vai ver é que eu sou ansiosa demais.


Hoje eu comprei um filme colorido, 36 posese, iso 100 por R$11,50. Era mais caro, não era? Adoro tecnologia. Torna as coisas obsoletas mais baratas.

30.5.08

Criticando Bergman

Eu nunca tinha visto nada do Bergman, o que é uma vergonha. Mas eu também nunca vi nada do Truffout, do Godard, do Fellini, do Lynch ou desses outros caras. E eu também nunca vi ET, Independence Day, Beetlejuice (o que é o maior absurdo de todos, já que é do meu diretor favorito), Indiana Jones, Rocky ou a Lagoa Azul. Na verdade não vi um monte de filmes que eu gostaria. Mas isso é assunto pra outro post.

O fato é que todo mundo fala do Bergman, que ele é supercult e tal. Então eu fui assistir um filme dele com um amigo supercult. E eu fui na maior espectativa, lógico. O filme era Monika e o Desejo, muito difícil de achar, o que aumentou ainda mais a minha vontade de ver. Imaginei que seria um filme muuuuuito chato, sem noção e com uma direção interessante.

Então eu comecei a assistir. Era em preto e branco e sueco, mas tirando isso, poderia ser qualquer outro filme. Não tinha nada demais. Poderia ser Lagoa Azul numa língua estranha.

Depois de meia hora, imaginei que fosse ficar estranho. Ora, era apenas o início do filme, uma introdução ou qualquer coisa assim. Passou-se uma hora. Ainda não tinha nada notável. Eu fui vendo e me frustrando, porque era comum. Nos últimos 10 minutos do filme, apareceram alguns indícios de diferenciação - os melhores pedacinhos.

Isso não queimou a minha impressão do Bergman pra sempre. Discuti isso com o meu amigo e ele disse que os outros filmes dele são melhores. Preciso ir atrás do Sétimo Selo ou qualquer outra coisa. Portanto, amiguinhos, pra quem gosta de produções róliudianas, podem assistir Monika e o Desejo - se vcs acharem -, porque é quase isso.

27.5.08

Vida de produtora

Pois é. Eu não faço cinema. Mas estou quase lá. Nas últimas semanas, eu fiz figuração em um curta de um amigo meu e, antes disso, aceitei a missão kamikaze de ser produtora de um curta de outro amigo. Então eu precisei ir atrás de algumas coisas: furadeira, martelo, chaves, pé-de-cabra e... uma porta. Isso mesmo. Uma porta. O roteiro é a sobre um cara que tenta abrir uma porta de várias formas possíveis. Nessas, ela vai sendo destruída, daí a necessidade de uma porta.

Bom, depois de desistir de arrancar uma de casa, pegar de casas alheias, pegar de demolições, fazer uma ou simplesmente roubar por aí, decidi que eu precisava comprar uma, mesmo. Então eu parei na madeireira com o meu pai, desci do carro confiante e pedi uma porta. Depois de decidir pra que lado ela abriria, a largura da mesma, se era pra ter dobradiça e tal, a atendente me perguntou:

- E qual é a largura da parede?

- Não tem parede. Eu só quero a porta, mesmo.

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Ainda estou esperando que ela chegue. Liguei lá hoje e me disseram que chega hoje à tarde. Mais pra frente, histórias do set de gravação.

Edit: Deu 17h e a porta ainda não tinha chego. Liguei lá e me disseram que o caminhão tinha quebrado, que vão entregar amanhã de manhã. Só espero que realmente chegue de manhã...

25.5.08

Olhando blogs por aí que me linkaram, eu percebi que as pessoas não sabem escrever o título do blog. E, como algumas pessoas perguntaram - sim, alguém já perguntou, você não foi o único - o que raios Felimpropanpo quer dizer, direi aqui, a todos vocês a verdade.

Felimpropano não quer dizer nada. Isso mesmo. Eu inventei. E nem é um neologismo dadaísta cheio de significados. Foi um erro de pronúncia durante um trabalho de química, há uns 5 anos atrás. Fenilpropano é um componente químico que serve pra esbranquiçar papel. Lendo errado, felimpropano tornou-se um excelente nome de gnomo, de gato e, lógico, título de blog. E assim nasceu, em meados de 2004, essa coisa aqui.

Desde então o blog mudou muito, eu mudei muito. Mas ainda não tive coragem de mudar o endereço daqui. Acho que ele carrega uma história, sabe?, eu sou muito cheia dessas frescuras de não mudar o original, de preservar as coisas como elas foram. E então o blog persistiu, junto com o título.

Eu já levei isso aqui mais a sério, queria que me achassem a melhor escritora do mundo. Depois de ler mais e de descobrir que existem pessoas infinatemente melhores que eu, mesmo em seus próprios blogs, desisti disso. Mas eu ainda tenho o pequeno e vergonhoso sonho de que alguém, em sua inocência, queira escrever como eu.

24.5.08

Esses dias uma das minhas melhores amigas fez aniversário. Hoje ela comemora o aniversário dela numa baladinha. Então eu pensei em dar algum presente pra ela. Mas nós... Bom, nós somos muito diferentes. E eu não consegui pensar em nada pra dar a ela. Na verdade eu nunca consigo pensar em presentes bons. Eu sempre quero que a pessoa que receba tenha orgasmos com a linda [insira presente bem bacana aqui] que eu dei, mas isso raramente acontece. As pessoas são muito difíceis de agradar...

Mas depois de anos e anos desagradando pessoas, eu percebi que o problema não era com eles, era comigo. EU sou dificílima de agradar. Aí eu acabo escolhendo presentes que pra mim são ótimos, mas pras outras pessoas são... meio estranhas. É duro isso, viu...

Esse lance de presentes, inclusive, me fez desestimular as pessoas a me darem qualquer coisa, pq elas normalmente erram. Aí eu fico aculumando coisas que eu não uso em casa, não gosto de dar porque foi presente e já viu, né?

Mas eu não sou chata com tuuuuudo. Sou mais com roupas, sapatos e bijuterias (que é normalmente o que as pessoas dão) e porta-retratos - sem fotos (quem dá porta-retratos sem fotos? isso é uma idéia muito ruim, meu!).

Bom, meu aniversário é só em dezembro, mas eu aceito presentes o ano inteiro. Aceito chocolate, se vc estiver sem idéias (imagina ganhar cestas e cestas de chocolate de aniversário?? vai ser como a páscoa de quando eu era criança!). E meias. Adoro meias. Ou livros. Mas não pegue best-sellers ou auto-ajuda ou fantasias não recomendadas pq elas costumam ser ruins ou...

20.5.08

Eu finalmente vi Requiem para um Sonho!! Eu tinha preconceito contra esse filme, sério. Achava que era coisa de indie e pseudo-cult. Mas aí eu entrei num curso com pessoas que realmente entendem de cinema e descobri que na verdade é um filme muito bom. Aí ele entrou pra minha interminável lista de filmes para ver antes de 2054. Na verdade eu nem fui atrás em locadoras e tal, mas pretendia ver, sim. Então hoje eu o vi na aula. \o/

Requiem é um filme de 2000 tratando de drogas. Mas na verdade poderia ser qualquer outro vício. Mostra-se, na obra, uma degradação moral e até física do ser humano, cumulando - ou iniciado por - uma solidão e falta de perspectiva sem tamanhos.

É difícil dar uma sinopse desse filme, pois ele começa e termina num mesmo problema, agravado apenas pelo tempo. Pode-se dizer que gira em torno de quatro personagens principais, todos solitários, abandonados pela família, sem perspectiva e usuários de drogas. A narrativa inicia-se no limiar de uma tragédia, sendo que o clima intenso do filme aumenta à medida que os personagens se deteriorizam. É realmente perturbador.

A direção é genial. Não me atrevo a comentá-la, digo apenas que algum dia eu quero aprender a mexer numa câmera daquele jeito e fazer tudo funcionar tão bem. E a trilha sonora. Quase chorei com a música tema. Simplesmente perfeito. Fazia tempo que eu não assistia a um filme tão bem feito.

18.5.08

O problema de filmes de amor é que tudo sempre dá certo no final. A mocinha pode não acabar com o mocinho que ela queria, mas ela sempre acaba encontrando alguém. A vilã que fica entre o casal acaba saindo do caminho e até ela, às vezes, encontra um novo amor. Existem mil obstáculos, mas o amor é sempre maior que qualquer um deles. E em filmes de amor, não são princesas e príncipes em vales encantados: são pessoas como nós, com problemas. E eles também vivem felizes pra sempre. E torna tudo isso tão mais acreditável.

O problema é que a vida não é um filme de amor.

14.5.08

Ouça música de olhos fechados. A visão rouba todas as outras sensações.

10.5.08

Na boa: Hairspray é muito legal!! Não sei como não quis ver quando saiu no cinema!

Basicamente, Hairspray é sobre uma menina gordinha que quer dançar na televisão nos anos 60 e todas as implicações que isso traz, além de levar a tona questões como discriminação racial e tal, de uma forma bem bonitinha. É legal pq a protagonista é uma gordinha linda que dança, canta e atua muito bem. E, porque é um filme, ela acaba com o cara mais gato do filme. Pois é, gente, eu nunca pensei que diria isso, mas o Zac Efron (do High School Musical) é muito bonitinho. Vai ver é aquele caichinho pega rapaz do Superhomem que ele usa nesse filme. Além disso, tem a Michelle Pheiffer (mais feia pela arrogância que pela velhice de Stardust), o Christopher Walken (sempre maravilhoso e muito natural), o John Travolta (imperdível e perfeito de mulher), a Amanda Bynes (que é uma gracinha) e o Ciclopes (sem lazers, mas muito lindo). E tem muita música, muita dança, tudo muito colorido e uma galerinha muito doida aprontando umas e outras que até o diabo duvida.

Mas assistir Hairspray me fez pensar no que filmes mais bem conceituados (mas não necessariamente melhores), como Moulin Rouge ou Chicago, poderiam ter me feito pensar. O legal de musicais é que os atores mostram tudo que conseguem: dançam, cantam e atuam, tudo ao mesmo tempo. Só falta os atores tocarem instrumentos, como faziam nos musicais de antigamente. Tá, admito, eu adooooro musicais. A melhor parte é que as histórias podem ser completamente babacas (Grease - nos tempos da brilhantina), não terem roteiro definido (Cantando na Chuva), usarem as músicas pra encher espaço no roteiro (a maioria dos desenhos da Disney) ou terem histórias bem elaboradas e usarem as músicas pra facilitar o entendimento dela (como Moulin Rouge). E música sempre dá uma cara legal pra um filme, se os atores cantarem direitinho, claro. É diferente, pra começar. E diálogos ficam muito mais bonitos quando são cantados e a trilha sonora, hehe, se torna absolutamente indispensável. Eu viveria facilmente num musical, só gostaria de ter sido abençoada com uma voz um pouco melhorzinha, pra poder ser o personagem principal da minha própria existência.

Isso sem contar os musicais de palco, né? O que seria de nossas vidas sem "my spirit aaaaaaaaaaand your vooooooooice in ooooooooone coliiiiiiiiiideeeee!!"¹??


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¹ Isso é do Fantasma da Ópera, pra quem não reconheceu.

8.5.08

enquanto isso, na delegacia de Gotham...


- Nós não podemos fazer a comissão de graduação tirar um professor.

- Mas podemos deixar a sugestão.

4.5.08

Lavagem a seco

Uma das (des)vantagens de arrumar o quarto/armário é que você encontra roupas sujas pra lavar - principalmente no meu caso, onde a maioria das janelas dão para a estrada de terra, o que torna minha casa muito mais empoeirada que o normal. E lavar roupas se torna sufocante quando em 3 de cada 5 peças está escrito "lavagem a seco". O que seria lavagem a seco?

A princípio, pensei que tratava-se de panos úmidos, mas isso continuaria sendo "molhado", o que não resolve a questão.

Depois comecei a imaginar uma máquinas secadoras muito loucas que sugassem a sugeira da roupa, mas também não sei se funcionaria pra suor ou manchas de qualquer coisa.

Aí comecei a pensar em salas de vácuo enormes. Como elas são vácuo, a tendência seria estourar a roupa, para que o maior espaço possível fosse preenchido. Assim, a sugeira - que não faz, tecnicamente, parte da roupa - sairia mais facilmente. Mas isso não resolveria o problema de roupas impregnadas e, ainda por cima, poderia também desgrudar botões, zíperes e laços...

E então eu descobri que estava pensando demais.

30.4.08

Então eu peguei a máquina fotográfica semi-automática Nikon N50 emprestada do meu cunhado, já com um filme colorido de 36 poses, para que eu pudesse praticar pra aula de fotografia. E essa semana eu reservei uma objetiva grande angular (uma objetiva grande angular faz isso com as fotos. eu acho bem legal.) na faculdade pra poder tirar fotos no feriado.

E então eu troquei a objetiva da câmera e subi no mesanino de casa. Tirar foto do ambiente bucólico/refinaria de petróleo de Paulínia que dá pra ver da varanda do mesanino.

Eis que, depois de eu ligar a máquina, apontar e regular tudo, apertei o desparador(?) e o negócio não quis funcionar. Olhei no fotômetro e estava escrito "Err". Aí olhei em cima, onde fala a velocidade do obturador e quantas fotos bateu e quantas falta pro filme acabar e tal e tava escrito "Err" e ao lado tinha um deseninho de o que eu suspeito ser o obturador.

Tentei várias coisas (várias coisas = ligar e desligar várias vezes pra ver se volta a funcionar, igual fazemos com computadores - mas também pus de volta a objetiva original, mexi em todos os botões...) e nada funcionou. Até abri pra ver se o filme tinha terminado e eu não tinha o ouvido rebobinando. Nisso eu devo ter perdido umas cinco fotos. Droga. E, lógico, como a câmera é semi-automática, eu não podia rebobinar o filme manualmente pra mandar logo revelar e não queimar mais fotos.

É, pelo menos eu terei uma desculpa pra não sair pra tirar fotos e ficar em casa lendo o que eu preciso. Droga. Vou ter que reservar uma máquina fotgráfica junto com uma lente da próxima vez...

Bom, não sei se tem algo que preste no filme, mas são minhas fotos e eu queria ver como ficou.

Aliás, máquinas analógicas são bem mais legais que máquinas digitais. Pena que as coisas pra revelação são muito caras e estão desaparecendo... As pessoas não prezam mais pela arte, mesmo...

27.4.08

- Eu preferia que ela tivesse morrido. Assim eu saberia que não tivesse feito nada de errado e que é impossível estar perto dela. Além disso, não existiria essa espera interminável.

23.4.08

Eu tenho um texto de quase cem páginas pra ler, mais outro que tenho que pegar na internet e mais um outro que tenho que descobrir pra ler. Além disso tenho um stop-motion pra fazer pra segunda e um relatório de pesquisa, também pra segunda. Sábado tem churrasco do pessoal do cursinho e esse fim de semana tem evento de anime em Campinas e Virada Cultural em São Paulo. Tem três festas amanhã.

E eu estou perdendo todo o meu tempo lendo os capítulos de Death Note que eu baixei na internet. Mas eu sou uma imprestável, inconseqüente, mesmo...

21.4.08

74%How Addicted to Blogging Are You?

Eu não sou viciada no meu blog. Eu juro!!

17.4.08


Destruindo Mitos

Descobrindo o que os nomes das suas bandas preferidas realmente significam.


Blind Guardian - Guardião Cego (eu gosto do significado de blind guardian, aliás)

Iron Maiden - Donzela de Ferro (na verdade isso é um método de tortura chinesa bem macabra consistindo num tipo de sarcófago cheio de espinhos por dentro)

Led Zeppelin - Zepelim de Grafite (esse é de longe o melhor!!)

Nightwish - Sonho da Noite (título de romance erótico barato de banca de revista)

Within Temptation - Dentro da Tentação (outro romance erótico)

Black Eyed Peas - Ervilhas de Olhos Pretos (na verdade black eyed pies é um tipo de ervilha)

After Forever - Depois de Sempre (??)

Pearl Jam - Geléia de Pérolas (isso era uam geléia alucenógena que a vó de um dos integrantes fazia. very crazy.)

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Eu não consegui pensar em mais, quem tem alguma engraçada pra dividir?

13.4.08

"Nem toda confissão é uma vitória da tortura; porque às vezes a pior tortura é ter a voz silenciada"

- Renato Janine Ribeiro



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Uma das vantagens de não ter tempo de ler nada que eu queira por conta das leituras da faculdade é que elas costumam ser realmente muito boas.

10.4.08

o meu maior medo é acabar como meus pais. sério.

9.4.08

Pergunta primordial:

Como se joga Guitar Hero no Nintendo Wii?

6.4.08

As melhores coisas do mundo

1. Chocolate, em geral, e Nutella, em particular.
2. Fanta laranja gelado em dias quentes.
3. Salmão. Cozido com manteiga ou cru, com ou sem sushi, sem shoyo.
4. Tempo frio para comer coisas quentes – como chocolate com marshmellow, fonfue e sopas que embaçam a lente dos óculos -, assistir a filmes debaixo do coberto e usar roupas elegantes como meia-calça, sobretudos, botas de cano alto e gorrinhos.
5. Heavy metal sinfônico, preferencialmente com vocais femininos, e folk metal.
6. As histórias (filmes, quadrinhos ou histórias escritas, mesmo) e as descrições de qualquer coisa – principalmente sensações -, utilizando sinestesias deliciosas do Neil Gaiman.
7. O visual neogótico e as cores trabalhadas dependendo do sentimento a ser passado dos filmes do Tim Burton.
8. Escrever ou simplesmente contar histórias.
9. Obras de arte bem feitas e livros – ou contos, ou críticas, ou fábulas, ou qualquer tipo de texto - bem escritos.
10. Dormir com chuva ou dormir à tarde.
11. Abraços.
12. Bons amigos para rir junto e jogar conversa fora.

3.4.08

Coisas que eu aprendi no CFC:

    O trânsito é uma equipe. Os maiores cuidam dos menores.

    Força centrífuga é a força que puxa os corpos para fora do círculo (contrária à força centrípeda).

    É possível pegar AIDS através do compartilhamento de escovas.

    É possível morrer de fraturas ósseas.

    Crases são inexistentes.

    Há dois tipos de velhinhos: aqueles simpáticos e muito empolgados com primeiros socorros e aqueles rabugentos que crêem que se as pessoas conversam no meio da rua elas devem ser atropeladas.

Eu não sei se eu me sinto pior porque fere tudo que eu estudei ano passado ou se é porque ninguém mais achou errado.

28.3.08


Crucifier, o coelho, nasceu de uma coelha-mãe criada em laboratório sob os efeitos radioativos do isótopo Ce-128. Daí o nome da coelha-mãe: C128. Crucifier veio ao mundo acompanhado de dois irmãos-coelhos. Tenhdo sido gerados em ambiente hostil e radioativo, a ninhada inteira morrendo, sobrando apenas Crucifier. Apesar de não ter sido um natimorto, o jovem coelhinho tinha um defeito congênito: suas orelhas tinham tamanhos diferentes. Em função do tamanho/peso excessivo da orelha maior, a cartilagem não resistiu e acabou por dobrar-se. Pela característica oblínqua de suas orelhas, o jovem coelho branco foi exposto a diversos estilos musicais. Depois de pesquisas laboratoriais intensas, obteve-se como resultado que o coelho albino confortava-se ouvindo black metal, daí seu nome. Também supôs-se que a radioatividade tenha atingido sua atividade cerebral, visto que só alguém com defeitos cerebrais é capaz de gostar de black metal.

23.3.08

Kinderovo tem gosto de infância, né? E eu sempre quis um ovo de páscoa de Kinderovo, mas sempre foi o ovo mais caro do supermercado - aí eu nunca ganhei. Maaaas esse ano mamãe resolveu comprar três!

Pessoalmente, o mais legal nem é o chocolate (fino demais, acaba muito rápido), é o brinquedo gigante que vem dentro.

18.3.08

o menino bonito do ônibus estuda na minha universidade. ele toca violino e tem olho verde. e hoje eu criei coragem de conversar com ele.

ele tem uma voz estranha. eu vou deixar de ser tão exigente.

16.3.08

No primeiro dia de aula uma colega minha chegou dizendo que nosso professor de Elementos Fundamentais da Matemática (não perguntem) chamava Hermes Renato. Demos rizada e tal. Na própria aula o professor disse que desde que inventaram o programa ele não consegue mais achar as teses dele quando procura no Google. Dias depois, uma veterana contou a história mais emocionante de todos os tempos:

Esse professor deu aula no ESPM, em São Paulo. Os caras do Hermes e Renato estudaram no ESPM na época que ele dava aula lá. Mais! Eles disseram numa entrevista que o nome vem de um professor deles de lá!

Ou seja...

...Eu tenho aula com o cara que inspirou Hermes e Renato!!!

10.3.08

Da Arte de Estar sem Tempo


Então eu ralei o ano inteiro ano passado e entrei num curso de comunicação social no Instituto de Artes da universidade pública que eu queria. Eu fiz vários planos para quando eu entrasse na faculdade:

1) pintar o cabelo de roxo ou vermelho feito, só as pontas, num tom que deveria ser roxo, mas muda para vermelho conforme a luz.

2) começar a usar protetor solar quase. estava dando certo. esses dias eu esqueci.

3) tornar-me mais sociável feito! mantenho relações amigáveis com a maioria dos meus 30 colegas e com alguns veteranos, além de pessoas de outros cursos. estou evoluindo!

4) ler todos os livros que eu deixei de ler por causa do vestibular

UAHUAHUAHAUHAUAUHA!!! Ahhhhhh... Vestibulanda ingênua, eu. Só porque entrei num curso de artes não significa que eu ficaria o dia inteiro ouvindo os músicos ensaiarem, vendo filmes de arte na videoteca e fumando maconha nas mesinhas de mosaico do lado de fora do instituto.

Ontem eu desisti de ler um xerox de 100 páginas sobre o espaço, o tempo e o espaço-tempo - aliás, eu não fui a única a desistir no segundo capítulo daquilo. Dá pra contar nos dedos quantas pessoas leram aquilo inteiro. e entenderam -, hoje vou começar a ler outro xerox (dessa vez de 80 páginas, um pouco mais folgado, e - uhul! - cheio de figuras) sobre a história da fotografia. Bom, esse acho que vai dar pra entender. Além disso, a maioria das aulas tem alguma espécie de dever de casa e projetos. Muitos projetos. Como se não bastasse, o curso REALMENTE é integral! Quando eu vou ter tempo de ler tudo isso, assistir todos os filmes da videoteca, ir ao cinema uma vez por semana e ainda ir em festas na mesma freqüência?? Vou ter que me dividir em duas!

É... Isso basicamente explica minha ausência por aqui (ausência?) e minha total falta de criatividade.

5.3.08

classe média

eu não costumo postar vídeos do youtube aqui porque eu acho muito chato. demora pra carregar e tal, mas esse vale a pena. esse dói na alma, acho que todo mundo deveria ouvir. não sei o que é pior, ser retratado tão fielmente ou nem saber quem foi o gênio que produziu.

25.2.08

Olhos de Topázio - parte IV (final)

Para quem não andou lendo, dá para perceber que este post faz parte de uma série. Você pode encontrar a parte I aqui, a parte II aqui e a parte III aqui. Para quem andou lendo, eu vou avisar que essa parte é um pouquinho mais longa que as anteriores.
Boa leitura! Espero que vocês gostem!


Pularemos a parte onde o Conde Le Fruit apresenta-se para o Rei, onde a corte toda ri pelas costas dos pretensiosos heróis e a parte em que a própria Princesa pede - quase suplica – ao Conde que mate de verdade a bruxa que lhe fez mal. Faremos isto porque melodrama é chato. Ação é legal. Então vamos a ela.

— Esta é a Floresta Negra, não é? – perguntou o Conde do alto de Tutti Frutti, seu alazão marrom e robusto, à Deborendorane, a menestrel, que seguia atrás sobre ConClave, o pônei preto, mas veloz. Ela segurava um mapa de todo o Território Desconhecido e respondeu:

— Sim. Aqui mesmo.

Os cavalheiros cavalgaram por vários dias dentro da floresta, perguntando a seus moradores (gnomos, elfos, centauros, faunos, dríades, fadas, ninfas...) onde haveria uma bruxa escondida – ou pelo menos uma fonte de ruindade muito forte energicamente. Um par de fadas – uma lilás, a outra verde, ambas brilhantes e graciosas – indicou-lhes a direção para a Bruxa. Elas diziam que Hecate, poderosa como era, não tinha motivos para esconder-se.

O caminho, interessantemente, era tranqüilo e desprovido de mazelas. A cabana teoricamente habitada pela bruxa era rústica e convidativa.

— Parece a casa da bruxa de João e Maria – comentou Deborendorane desconfiada.

— Será que ela vai nos comer? – brincou o Conde.

Ela, receosa, seguia o herói obstinado até a porta. De dentro, ouvia-se o assovio do vapor saindo de uma chaleira e os ruídos de uma cadeira de balanço. Visto de fora, o chalé poderia pertencer a qualquer velhinha, à avó de muitos netos, daquelas que cozinham bem e contam histórias. Bruxas tinham filhos?

O Conde bateu na porta, três vezes, como era o costume dos arqueiros. O assoalho rangia com cada passo vagaroso e – depois do que poderia ter sido uma batida de coração ou uma era – a porta se abriu, revelando a mesma velha que havia trocado de olhos com a Princesa, meses atrás, porém sem chapéu, o que mostrava seu novo olhar castanho. Ela examinou o herói cuidadosamente, depois sua menestrel e disse – sua voz quase um suspiro:

— Você é o último dos heróis que mandaram para me matar? – por um momento, o Conde imaginou Ter visto a mão que repousava ainda sobre a maçaneta tosca de madeira estremecer.

— Tu és Hecate, Aquela Que Destrói Reinos E Mundos Inteiros Com Um Movimento Rápido Da Mão – afirmou o herói, com firmeza, tentando não se comover com a aparente fragilidade da senhora à sua frente.

— Este título já me serviu melhor – ela olhou para baixo e continuou baixinho:

— Apenas concedi um desejo a uma garota. E avisei das conseqüências que viriam. A Princesa aceitou a minha proposta de bom grado, não hesitou por um instante sequer. Agora estou velha, meu título a mim não mais pertence. Meus olhos levaram consigo minhas forças para continuar. Matariam uma velha incapaz?

Seu rosto mostrava uma desilusão e em seus olhos havia nada mais que pura desesperança. Conde Le Fruit viu-se movido por aquilo. Baixou os olhos para não encarar sua presa. A mão que segurava o arco tremeu levemente. Deborendorane percebeu o recuo do Conde e puxou-o para longe da bruxa.

— Conde, viemos até aqui para matar uma bruxa, uma malfeitora! Você não entende o que ela está fazendo!? Está nos iludindo com sua falsa fragilidade – isso não existe! Ela dizimou batalhões há não muito mais que dois meses!

Por maiores que fossem seus esforços, a menestrel não conseguia conter o tom da voz. Por isso – ou por outros motivos, nunca saberemos os verdadeiros motivos das bruxas -, Hecate logo se pronunciou estendendo os braços num sinal receptivo.

— Mate-me – a voz dela estava controlada e serena – Vivi muito. Agora quero descansar. Peço que digam à Princesa, como meu último pedido, que sinto muito por tudo que tenha acontecido a ela. Realmente, sinto muito e sei que nunca serei perdoada.

Ainda de braços abertos, como se crucificada, levantou o queixo pontudo e fechou os olhos.

Quando a flecha do Conde Le Fruit atinge seu peito, uma única lágrima escorre dos olhos fechados, antes de seu corpo começar a tornar-se pó e a flutuar pela casa – como se já estivesse morta há muito e só agora pôde realmente repousar. Começou a desfazer-se a partir das extremidades – seus dedos das mãos e dos pés – e sobraram, entre vestimentas sujas e amarrotadas no assoalho, dois globos oculares negros.


Foi num dia de verão que a Princesa percebeu que a Bruxa estava morta. Ela sabia, pois cessara de enxergar. Seus olhos continuavam azuis, mas eles perderam sua função.


Algumas semanas depois, o Conde Le Fruit e sua fiel menestrel apareceram no castelo, dizendo que tinham derrotado a Bruxa Hecate e mostrando os olhos antigos da Princesa como prova. O Conde conta ao Rei, também, sobre o arrependimento da Bruxa. Neste momento, entra Eufrisie, a dama de companhia da Princesa, e diz que esta quer conversar pessoalmente com o seu salvador.

Assim, ela leva Le Fruit até a alcova da Princesa, de onde ela não saíra desde a perda de um de seus sentidos. A dama de companhia se despede e deixa ambos conversarem:

— Hecate disse, antes de morrer, que sentia muito por tudo de ruim que ela a proporcionou – começou o Conde, para quebrar o silêncio.

A Princesa, recostada ao balcão, encarando os jardins do castelo não dizia nada. Nem sua respiração era audível.

— Eu lhe trouxe seus olhos de volta – sugeriu o outro, aproximando-se um pouco.

Naquele instante, a Princesa virou o rosto, mostrando os olhos – lindas íris azuis, cor de topázio, com pupilas acinzentadas: olhos mortos.

— Não – ela disse baixinho, porém certa do que dizia – não os quero de volta. Tenho que pagar para sempre pelo meu erro e precipitação. Afinal de contas, consegui meu desejo, não é? Consegui meus olhos azuis.

Houve uma pausa, onde o Conde olhou para seus sapatos de couro cru, intimidado pelo sorriso triste da Princesa.

— Faça com meus olhos o que quiser – ela completou.

— E os pesadelos? – perguntou sinceramente – Os pesadelos acabaram?

— Os pesadelos que tenho quando fecho os olhos acabaram – respondeu com um suspiro – Mas como é possível esquecer o horror que vi enquanto os tinha?


Na saída do Castelo, onde o Rei parou os andarilhos. O Conde rejeitou a recompensa.

— Os olhos da Princesa já foram o suficiente – respondeu sorrindo.

Afastados do Castelo, Deborendorane, sobre seu pônei, pergunta, maliciosa:

— Que olhos das Princesa?

— Estes olhos – responde o Conde, produzindo-os de seu bolso.

Ele jogou um dos globos oculares para sua companheira, que o pegou no ar, o olhou com um pouco de nojo e o guardou na própria bolsa, junto com seu fiel triângulo.


Semanas depois, Deborendorane havia composto a canção sobre Conde Le Fruit, o guerreiro que assassinou Hecate, Aquela Que Destrói Reinos E Mundos Inteiros Com Um Movimento Rápido Da Mão, e o caracterizava como um homem cheio de honra, desapegado a bens materiais. Por séculos, sua canção foi entoada em todas as tavernas e todas as festas em volta de fogueiras do mundo conhecido.