31.8.05


Moro numa casa gigante onde todos as janelas dão para a rua. A maioria das janelas foram quebradas pelas empregadas com validade de 2 anos. Então, num dia quente como hoje, é impossível abri-los para tentar ventilar um pouquinho. Na verdade pode até ser vantajoso, porque pára a maiopria do pó da estrada de terra, levantada quando o ônibus passa, de invadir a casa. Apesar disso, precisamos varrer o chão de meia em meia hora em dias secos para impedir que vire um Saara. Quando tem queimada nas chácaras vizinhas é realmente triste.

Ontem teve uma queimada na chácara da frente, para limpar o terreno. Aproveitaram para sujar a minha casa. As cinzas varridas - e depois espalhadas pela sala novamente pelo vento - são de plantas, mas poderiam ser de gente. Eu quero ser cremada quando morrer. Acelera o processo de degradação, como o stress. Além disso, sobra mais terreno para ser limpado com queimadas. Tudo isso deve contribuir para o efeito estufa, esquentando ainda mais o planeta e fazendo com que a gente precise abrir as janelas e deixar o pó entrar, sujando a casa.

Dane-se, eu já vou estar morta mesmo.

27.8.05

Hoje pintei as unhas, arrumei o cabelo, vesti a calça, vi que não servia, desencanei e não fui no casamento da menina que só conheço de vista. Meus pais foram sozinhos. Esperam que tenham se divertido. Preciso emagrecer. Mas nesse mundo onde a anorexia reina, quem não precisa? Conheço várias pessoas, mas todas negariam.

Dormi muito. Não vi alguns filmes. Estou lutando para ler o livro. Fui absurdamente mal na prova oral de alemão. Emprestei meu cartaz para outros dois amigos fazerem a mesma prova, na qual os dois foram beeem melhores que eu. Não ligo.

Queria estar exausta, morrendo de amor ou ter visto um filme exelente. Só para ter o que escrever aqui. Mas só corro o risco de morrer de tédio. Por enquanto. E a sensação é enebriante. (Quem souber o que significa ganha uma balinha, mas deu o efeito certo na frase, seja lá o que signifique)

19.8.05

- Onde você está me levando? - riu Mariana.

O garoto apenas virou a cabeça, sorriu e continuou correndo entre as sepulturas. Era uma noite agradável e o cemitério era o lugar ideal de o casal encontrar-se, quase ninguém mais ia lá. Os dois gostavam do escuro, de filmes de terror, de sangue de mentira e de rock pesado. Sentiam-se paradoxalmente bem no ambiente lúgubre. Mas nunca haviam ido tão longe. As únicas luzes presentes eram de suas lanternas.

Jorge parou abruptamente, enquanto Mariana alcançava-no. Apontou em frente:

- Olhe - ele disse, com voz doce, como se mostrasse um fenômeno natural a uma criança.

- Nossa! - suspirou, mais por falta de ar da corrida - Que lindo!

À sua frente estava um mausoléu. A construção mais majestosa de todo o cimitério, com anjos e gárgulas e arcos góticos. Era coisa de família, certamente, dos condes da antiga cidade.

- Quer entrar? - perguntou Jorge, docemente, como que oferece balas à criança.

- Quero.

Juntos, se completavam, mas Mariana não sabia quase nada dele. Se conheciam há pouco tempo e ele era muito enigmático.

Adentraram a tumba.

- Antes de mais nada, Mari, queria dizer que te amo.

- Que isso? Pensa que vamos morrer?

Jorge deu-lhe um sorriso misterioso, que a namorada não conseguiu traduzir como nada.

O lado de dentro era ainda mais bonito que o lado de fora. Havia velas desgastadas sobre candelabros muito esculpidos com formas arredondadas e detalhes marcantes. Existia um número enorme de túmulos, a família era numerosa.

Jorge pôs as mãos nos ombros de Mariana, massageando-a por trás. Elas estavam frias. Jorge sempre estava frio. Ele puxou-a para perto de si, beijou seu pescoço:

- Veja os nomes. É por isso que viemos ao cimitério.

Ela andou aos poucos, observando as datas esculpidas nas lápides, os nomes curiosos, o brasão imponente da família, as fotografias envelhecidas.

- Estranho como a família acabou. Robesberrie. Nome bonito.

- Coisas boas sempre acabam cedo demais. Estavam começando a enriquecer, a ganhar poder, a espalhar-se, como dá pra perceber. Havia 50 Robesberrie na nobreza naquela época. Foram todos envenenados.

- Por invejosos?

- Sim.

Jorge estava afastado, sua voz grave, diferente de como estava nos momentos anteriores.

- Lenda urbana? - a garota perguntou curiosa. O outro fez que sim com um gesto discreto da cabeça - Nunca ouvi.

- Os habitantes desta cidade não fazem idéia dos tesouros que guarda. Como você.

Mariana corou. Olhou rapidamente para uma sepultura qualquer.

- Olha! "Jorge Robesberrie"! Como você.

Jorge sorriu atrás dela e aproximou-se alguns passos.

- Ele naceu em 1850 e morreu em 1868. Nossa, não sabia que nossa cidadezinha era tão velha.

- Era grandiosa. Dizem que a cidade morreu junto aos Robesberrie.

- Uhh... - fez Mari, divertindo-se - "A Maldição dos Robesberrie". Nome de filme B.

Jorge aproximou-se mais.

- Ele tinha só 18 anos. Tadinho, tão novinho... Nossa idade - pausou um pouco - Imagina morrer agora?

- Imagina... - o garoto andava lentamente, passando pelos sepulcros, criando caminhozinhos entre o pó com seus dedos.

- Ele tem o mesmo aniversário que você também.

Parou por um instante. Eram muitas semelhanças. Pousou os olhos sobre a gravura. Soltou um gritinho, derrubou a lanterna e levou a mão à boca. Era Jorge!

Mari sentiu as mãos geladas em seu quadril, sob a blusa e subindo lentamente seu braço. Ela tremeu. Fechando os olhos, tentando desvendar o que eram aquelas sensações, pensou consigo: "mortos-vivos só existem em filmes de terror"

- Descobriu agora? - sussurou Jorge ao ouvido da garota estática, sua mão no cabelo dela, puxando-a pela nuca para si.

A garota abriu os olhos.

- O que você quwer comigo? - perguntou, trêmula.

- Você. Para sempre.

- Não!

- Você não me ama mais?

- Claro que não! Você está morto!

- Oh... - soltou uma rizada doce e fria ao mesmo tempo - Você deve estar ficando louca então, falando com os mortos.

Mari não sabia o que responder, de repente tudo estava muito confuso. Uma mistura de volúpia e terror tomava conta dela. Queria fugir. E ao mesmo tempo ficar. Conseguiu somente pousar sua mão sobre a de Jorge, que subia lentamente sua fronte.

- Tudo bem - disse, enfim - Onde vamos?

- O quê? - perguntou Jorge, realmente parecendo perplexo e soltando seu cabelo.

- Onde vamos? - repetiu Mari, mais firmemente desta vez - Você não vai me levar para o submundo ou lago assim? Não vamos rodar o mundo, como imortais?

- Não! Vamos ficar aqui!

- Vamos? Que sem graça.

- É - Jorge virou a garota para que se olhassem de frente - Eu adoro essa cidade. Só queria que você soubesse.

- Ah - a garota parecia aborrecida, mas logo iluminou-se de novo - E eu tenho um namorado morto-vivo!

Jorge sorriu.

- Agora posso te contar tudo!

Mari riu também.

- Mas vamos sair daqui, que eu quero ver o sol nascer com você.

Lá fora não precisavam mais das lanternas, por causa dos novos raios da aurora. O casal beijou-se longamente, sob o azul pálido que cobria o céu estrelado de outrora.
=^.^=
Não é dos meus melhores trabalhos, mas é bonitinho. Aposto que você nunca esperava esse final!! É, eu fiquei com preguiça mesmo...

13.8.05

Pessoas mal humoradas são engraçadas. Pessoas depressivas são um saco.
::
Alguém leu a historinha de dois posts atrás? Não? (...) Vou postar o capítulo 2 de qualquer jeito.

11.8.05

O ócio é uma coisa muito séria. É... Em paradoxo ao post de algumas semanas atrás, eu ainda estou aqui, no colégio, esperando o precomex que a Veronica fez o fazer de mandar errado. Que saco. E ainda dão pra EU fazer. Lógico. Como se juntar o trabalho fosse um esforço monstruoso. Eu odeio isso. Que tudo se exploda. Se não fosse um quarto da nota, juro que nem entregava. Chegava amanhã pras meninas: "não chegou. o que eu ia fazer??" Saco. Bom, todo mundo passa por maus dias. E por desacordos, claro, isso estava num acordo. Lógico. A Deborah ociosa e preocupada com todo mundo é que fica aqui ocupando lugar no gea, comendo mal e chagando em casa tarde. E ainda por cima sem ter o que fazer. Saco. Odeio gente sem telefone.

7.8.05

Rosas de Prata



CAPÍTULO 1
O Início de Tudo


Numa mesa redonda de madeira tosca, cercada por 12 cadeiras do mesmo material, sentavam 12 magos. Todos com suas longas barbas brancas, longas vestes e pontudos chapéus, variando na cor e no estilo. Todos sábios, que treinavam seus aprendizes cavaleiros, estes competindo pelo trono do Reino das Fadas.

Timóteo, o dono do bar, trazia 12 canecões, todos com o mesmo quentão, quando o Mago-mor falava. Este tinha a barba mais comprida, as vestes mais negras, o chapéu mais pontudo e, claro, o aprendiz mais vagabundo com o melhor coração (aquele que, com certeza, surpreenderia no final da história, como sendo o cavaleiro mais bravo).

—Temo em dizer, irmãos, que o nosso tempo está se esgotando. O Rei já está ficando decrépito e precisamos substituí-lo, quanto mais rápido possível, afinal, o Reino das Fadas não pode ficar sem Rei. – pronunciava Arquimedes, sua voz grave e penetrante.

Todos concordavam, é claro, que os Magos não podiam dominar o Reino das Fadas, por mais que seu nome dizia isso. Magos não são feitos para dominar nada, apenas serem sábios e ensinarem os menores a serem bravos e de bom coração. Mas como decidir qual era o melhor cavaleiro? Ora, quem não lê contos de fadas? A saída óbvia é, certamente, pôr a coroa sobre a cabeça daquele que trouxer uma princesa da torre mais longe, cercada pelo maior dragão, protegido pelo maior número de feitiços malignos.

A reunião terminou-se quando decidiram que liberariam os jovens aprendizes daqui a uma semana, quando os Magos ficariam observando suas bolas de cristal, vendo quem morreria. Todos deixaram o bar ansiosos. Todos menos um: Nacademus.

Nacademus temia essa sentença desde o princípio. Não que seu querido aprendiz morreria no primeiro dia, longe disso: Darwin era um cavaleiro forte, bravo e talvez até um pouco egoísta demais. O garoto vinha de família simples, mas nunca conseguira sê-lo realmente, sempre quisera ser grande, o maior de todos. Desejava tanto aquele trono que provavelmente sonhava com ele. Nacademus, mesmo com as vestes de um azul calmo e o chapéu combinando, estava muito aflito. Sabia que Darwin sairia naquela mesma noite se fosse preciso, mas não possuía coração e, mesmo se o tivesse, seria de gelo.

O caminho para casa nunca fora tão demorada. Mesmo sendo Mago, Nacademus gostava de exercitar-se, então caminhava sempre para casa, sem Ter que usar magia. A lua cheia iluminava seu caminho e brilhava sobre a porta de madeira caída aos pedaços quando chegou próximo o suficiente para observá-la. Não escutou nada quando entrou dentro de casa e foi a procura de Darwin. Achou-o em seu quarto, dormindo sobre a escrivaninha. Com um toque de sua varinha, Nacademus fez seu aprendiz levitar da mesa e cair delicadamente sobre a cama. O Mago sorriu, por mais frio que era o garoto, gostava dele. Este tinha verdadeiro potencial e seria um bravo guerreiro, mesmo se não tivesse a alma de um Rei e um coração para tomar decisões. O sorriso era também pela felicidade de ter tempo ainda para pensar em um bom modo de contar a notícia ao ambicioso.

***

De manhã, quando o Mago despertou, encontrou a casa cheia de fumaça, anunciando que o café da manhã já estava sendo servido(Darwin era bom cozinheiro e sempre acordava cedo para preparar o café). Nacademus desceu preguiçosamente da cama, vestiu longas vestes roxas claras e seu chapéu de sempre, encantado para trocar de cor, calçou suas pantufas de coelhos cor-de-rosa e seguiu para a cozinha.

—Bom dia, Nacademus! – disse Darwin, servindo panquecas com mel ao mestre.

—Bom dia, Darwin. Dormiu bem? – respondeu o Mago, sentando-se à mesa e começando a alimentar-se. – Dormiu sobre a escrivaninha, não é? O que fazia lá?

—Traçava meu mapa para fora deste lugar, para salvar a Princesa Alka daquele dragão. – o garoto olhava pela janela do balcão onde sentava, abraçando uma das pernas, com desejo de aventura no olhar, o mesmo com que falava.

Nacademus aproveitou a situação, pigarreou e declarou:

—Daqui a uma semana, Darwin, você estará na estrada prestes a resgatar a princesa.

—O quê? – perguntou o rapaz incrédulo, quase caindo do balcão.

—Isso mesmo! Nós, do Conselho Mágico, decidimos que está na hora de deixarmos nossos aprendizes mostrarem o que aprenderam e disputarem o trono do Rei, já que este está morrendo e não consegue mais tomar decisões.

A mandíbula de Darwin caiu, estava felicíssimo. Pulou do balcão e correu para o quarto fazer as malas.

—É só semana que vem, hein! – gritou Nacademus, em vão.

Em seu quarto, Darwin juntava todas as suas poucas posses sobre a cama e escolhia aquilo que levaria. A jornada certamente seria longa, por isso a mala teria que ser leve. Ei! Por que razão estranha um cavaleiro levaria uma mala para resgatar uma princesa em apuros? Guardou tudo novamente, sentou-se na cama e começou a pensar.

Se resgatarei mesmo a princesinha, ela terá que voltar comigo? Terá que ser minha esposa? Pensou Por que não posso simplesmente matar o dragão e deixar a garota na torre? Ela que se vire.

Com seus plenos 17 anos, não pensava em garotas, queria apenas o trono, o poder, e nada mais. Conhecia o regulamento, sim, e sabia plenamente que teria que matar o dragão, chegar até a princesa, beijá-la, e traze-la de volta para ser sua esposa. Dividir o Reino das Fadas com qualquer princesinha que chegasse pelo caminho? Não. O Reino era seu por direito, por ter se esforçado, por ter treinado sua vida toda. Ora, por que não matar a moça assim que conseguisse chegar até onde queria? Matava-a envenenada e diria que morreu de doença. Ou podia armar a maior cena, fingindo que se suicidou.

Nacademus haveria de entender, sempre entendia, por isso gostava dele. Se virasse, aliás, quando virasse Rei, Nacademus seria promovido a conselheiro real. Ah! O sonho da realeza, que agora estava tão perto de se tornar realidade...

-+-+-

Ontem eu fui num churrasco da igreja, foi legal.

2.8.05

Pra comemorar o layout novo. Já que tava todo mundo criticando as cores, a imagem...

1.8.05

Primeiro dia de aula. Não foi tão ruim quanto eu pensava. Eu até me diverti com o cabelo de certas pessoas... Hahaha!! :)
Recebi redação também. Foi horrível. Eu odeio o Olivo.
Mas vou deixar meu textinho para vocês.

Dinheiro, ganância e poder

O PT gastou tanto tempo querendo o poder que, ao finalmente alcançá-lo em escala nacional, deslumbrou-se, sem conseguir fazer nada, apenas usufruindo do luxo a ele concedido com os impostos pagos pelo povo que tanto era defendido.

As pessoas são gananciosas, egoístas por natureza. O leão, por acaso, pensa nos filhos e na esposa da gazela antes de devorá-la? Os políticos também não. Aliás, nenhum de nós pensamos. Revolucionários destroem o poder vigente não para melhorar a vida de todos e sim para melhorar as suas vidas e fazer valer seus interesses. Revoluções são assim, o ser humano é assim.

Sobre a Constituição, está a Lei de Gérson, o que importa é levar vantagem em tudo, seja contando uma mentirinha inocente ou destruindo a selva capitalista que demoramos tanto tempo e gastamos tanto dinheiro para construir. Por isso crianças aprendem desde cedo a mentir. Descolado é conseguir contrabandear mercadorias do supermercado, inteligente é quem sonega impostos. Por isso políticos tornam-se corruptos. Afinal, que diferença faaz levar uma balinha ou alguns milhões de reais do povo que também não é lá muito honesto?

A bondade, a honestidade, a compaixão devem existir em algum lugar. Lacrados juntos com a esperança na Caixa de Pandora em algum lugar do subsolo das ilhas gregas.